Nesta pequena grande cidade, tenho por hábito partir sem destino, indo à descoberta de um novo Porto.
Nos últimos anos o Porto tem sabido responder e reinventar-se, como consequência de um efeito crescente do turismo, ao apresentar uma cada vez maior e melhor oferta de espaços, serviços e de eventos. O suficiente para despertar em mim uma vontade constante de partir pela cidade. E muito por aí há para conhecer.
Parto a pé, por vezes sozinho, mas sempre acompanhado pela máquina fotográfica. Muito poderia propor dentro dos tradicionais e habituais circuitos para turistas, os must see que sempre encontramos nos mais variados guias e que são, de facto, a não perder, também neste meu Porto.
Para um fim de tarde, ou princípio de noite, o ponto de encontro tem sido invariavelmente a Capela Incomum. É um espaço inusitado por estar parcialmente dentro de uma antiga capela, com uma área interior acolhedora, ideal para estes dias mais frios, mas com uma pequena esplanada onde nos podemos reunir e assistir ao pôr-do-sol, assim o tempo o permita. A carta de vinhos é suficientemente rica e os amuse bouche ou tapas ajudam a manter uma boa conversa entre amigos, partindo depois pela cidade dentro.
O gosto e a paixão pela fotografia dão o mote para que a minha sugestão seja a descoberta do Porto numa óptica mais artística e estética. Tendo como ponto de partida os Aliados, rodeados por alguns edifícios de referência, com novos e luxuosos hotéis que despontam pela cidade, cafés históricos, edifícios que outrora acolheram bancos, a Câmara, etc, etc, facilmente podemos optar por uma qualquer direcção, que certamente não sairemos desiludidos.
A riqueza arquitectónica do Porto, da mais antiga à contemporânea, daria para sugerir dezenas de interessantíssimos circuitos na cidade.
As ruelas e caminhos estreitos, as escadarias, as calçadas, as ilhas, as praças, jardins, cafés, restaurantes, tascas e tabernas típicas, fazem todos parte deste imaginário mas que é tão real.
As igrejas, antigas salas de cinema, teatros, estações de comboio, comércio tradicional, numa miscelânea de estilos, de espaços, decoração e de vivências, todas contribuem para esta beleza ímpar de um Porto que já tem tanto de europeu, mas que teima em manter-se invicto e fiel às suas raízes e fortes tradições.
A zona envolvente da Igreja e Convento de São Bento da Vitória, da antiga Cadeia da Relação que acolhe o Centro Português de Fotografia, terminando no belíssimo Passeio das Virtudes são locais incontornáveis por onde passo, que revisito e que recomendo.
Num plano diametralmente oposto mas reconhecendo o esforço que tem vindo a ser feito pela autarquia, ao promover uma zona menos nobre da cidade, o lado oriental, mas com um potencial incrível, sugiro algo que ainda poucos terão vivenciado: a Casa de São Roque. Esta belíssima casa, agora na posse da autarquia e recentemente restaurada e adaptada para acolher e expor arte contemporânea, é hoje um exemplar das casas da época no Porto, pela sua arquitectura e pelo seu belo jardim. É acima de tudo mais um espaço nobre na cidade, que agora surge numa zona que se quer tornar pujante e que certamente irá surpreender o Porto, suas gentes e turistas.
A não perder, ainda na zona de Campanhã, um espaço de artes – Mira Forum e o Espaço Mira, especialmente dedicados à fotografia, em que duas galerias nascem numa área onde antigos armazéns totalmente abandonados fazem agora parte integrante de um circuito cultural por onde passam algumas exposições e outros eventos que não podem ser ignorados.