Na segunda metade do Séc. XIX a Europa fervilhava com o progresso tecnológico resultante das várias transformações ocorridas durante a chamada ‘Revolução Industrial’.
Existem no Porto alguns exemplos arquitectónicos e estruturais dessa época e também alguns dos quais infelizmente restam apenas algumas memórias.
É o caso do Palácio de Cristal que recebeu o nome por ter sido inspirado no Crystal Palace em tudo semelhante, excepto na dimensão, que tinha sido construído em Londres com o mesmo propósito, ou seja, a instalação de uma exposição pública universal.
Mas se o ferro era agora utilizado como matéria prima em grandes fundições industriais aliado a obras geniais de Engenharia e Arquitectura, começava igualmente a ver as suas potencialidades aplicadas à Escultura. Permitia o mesmo tipo de detalhe e acabamento de metais mais nobres, mas com uma maior facilidade e economia de produção, bem como a possibilidade de produção em série de peças criadas por grandes mestres.
Assim, é comum haver nos espaços públicos ajardinados que por essa altura foram sendo criados nas cidades europeias, obras de escultura em ferro fundido.
Os jardins do Palácio de Cristal, ao contrário do edifício, foram preservados no seu desenho original e as suas Esculturas também. Se no caso do Edifício e nos aspectos estruturais e tecnológicos as origens eram inglesas, já os campos culturais e estéticos no Porto e na Europa eram ainda dominados pelas influências francesas, mais precisamente parisienses.
Ao entrarmos pelo portão principal, encontramos o jardim que antecedia a fachada principal do Palácio e nele duas fontes adornadas por elementos escultóricos e quatro figuras que representam as Estações do Ano. É possível perceber as suas origens pois estão identificadas as fundições onde foram produzidas e em alguns casos o autor ou autora da modelação original.
É curioso observar, segundo um estudo publicado por Paula Torres Peixoto na Revista de Arquitectura Lusitana, que uma vez que as Obras que representam as Estações do Ano provêm de origens distintas, temos efectivamente 3 e não as 4 estações representadas, uma vez que aquela que está na sua base identificada com sendo o Outono, é na realidade o Verão que assim surge duas vezes.
Seguindo pela Avenida das Tílias, iremos passar ainda pela Concha Acústica e pela vulgarmente conhecida como “Fonte dos Cavalinhos”, as duas com excelentes obras escultóricas em ferro fundido.
Por tudo isto e por todo o espaço envolvente, o “Palácio” é e será sempre um dos locais mais queridos da Cidade.
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