Cultura

João Queiroz – O arquiteto da Baixa
7 Fevereiro, 2018 / , ,

O Café Majestic é, talvez, a sua obra mais emblemática. João Queiroz trabalhou sempre sozinho num pequeno atelier na Baixa do Porto e ajudou a definir a estética de uma das zonas mais conhecidas da cidade.

Nasceu no Porto em 1892 e viveu durante toda a juventude numa casa situada na Rua de Santa Catarina, em frente ao local onde está hoje o Café Majestic. Esses terrenos, onde na altura existiam amoreiras que eram fundamentais para a produção de seda, viriam a ser ocupados por edifícios marcantes para a história da cidade, vários deles com a traça deste arquiteto.

Fez o Curso Preparatório de Desenho da Escola de Belas Artes do Porto e em 1926, depois de ter trabalhado na Direção Geral dos Edifícios e Monumentos do Norte, obteve o diploma de arquiteto. Voltaria a estudar aos 52 anos, matriculando-se no curso de Urbanologia, que tinha sido criado nesse mesmo ano. O seu percurso académico e a vida profissional foram marcados pelas duas guerras mundiais, pelo que desenvolveu também uma sólida carreira militar, tendo atingido o posto de capitão. Era, aliás, conhecido como Capitão Queiroz.

O seu primeiro projeto consistiu num prédio racionalista, localizado na Rua de Santa Catarina, no Porto, que criou para o seu pai. Foi lá que instalou o atelier onde sempre trabalhou.

O seu edifício mais famoso foi, sem dúvida, o Café Majestic, inicialmente chamado Café Elite; quando os proprietários do café decidiram criar uma janela para venda de jornais nas traseiras do café, recorreram novamente aos serviços deste arquiteto. O Cine Teatro Olímpia ou o Cinema Trindade são igualmente edifícios da sua autoria; foi também autor de um projeto, não concretizado, para o Coliseu do Porto.

Entre as suas obras estão também casas de habitação particular e loja; uma das mais inovadoras fica no número 54 da Rua de Santa Catarina e, na época, a montra circular não agradou aos mais conservadores. Em termos de habitações, destacam-se o nº 65 da Rua António Aroso e o n.º 315 da Rua António Patrício.

Faleceu aos 90 anos, a 25 de Fevereiro de 1982.

 

Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva
6 Fevereiro, 2018 / , , , ,

Totalmente dedicada à Biodiversidade, a Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva é muito mais do que um museu. Juntando ciência e arte, este é um espaço moderno e pensado para criar experiências inesquecíveis. Até ao final de abril recebe a exposição fotográfica Photo Ark.

Este centro integra a Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), constituindo, com o Jardim Botânico, um dos polos desta instituição ligada à Universidade do Porto. Localizada na mítica Casa Andresen – que inspirou a famosa poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner – a Galeria da Biodiversidade está rodeada pelo Jardim Botânico, que é também um ponto de visita obrigatório para amantes da ciência.

É um local onde as artes se cruzam com a biologia e a história natural, estimulando a interatividade e as experiências sensoriais. A exposição permanente integra 49 módulos expositivos e instalações, organizados em 15 temas principais que abordam vários aspetos da diversidade biológica e cultural, mas de uma forma praticamente única em todo o mundo. Desde os modelos mecânicos até às plataformas multimédia, existem várias formas de envolver o visitante em histórias sobre a vida contadas através da ciência, da literatura e da arte.

 

 

 

Arca de Noé fotográfica

Até 29 de abril, a Galeria da Biodiversidade recebe a exposição fotográfica da National Geographic Photo Ark, baseada no projeto de Joel Sartore. Há 10 anos, este fotógrafo traçou um objetivo: fotografar todas as espécies existentes em cativeiro, para criar um dos maiores arquivos de biodiversidade do mundo. Esta “Arca de Noé fotográfica” pretende sensibilizar o público a dedicar-se à conservação dos animais mais vulneráveis. Foram já retratadas mais de 7000 espécies e as melhores imagens podem agora ser vistas nesta exposição imperdível.

Informações:

Galeria da Biodiversidade

Rua do Campo Alegre, n.º 1191, Porto

Horário: de Terça a domingo, 10h00 às 18h00

Bilhete normal: 5€

Os órgãos de tubos que funcionam desde 1779
15 Janeiro, 2018 / , ,

Os Órgãos Históricos dos Clérigos continuam a funcionar perfeitamente, apesar de já terem mais de 200 anos.

São da autoria do espanhol Dom Sebastião de Acunha e, tal como o edifício em que estão inseridos, são um notável exemplo do estilo Barroco que caraterizou o final do século XVIII. A caixa do órgão do lado da epístola é encimada por uma lua; a caixa do lado do evangelho por um sol. A unificação destes dois elementos remete para a ideia de absoluto e totalidade.

Em 2015, estes órgãos passaram a tocar diariamente, sempre à mesma hora (ao meio-dia), muitas vezes com os dois órgãos históricos em simultâneo e por vezes com a participação de cantores. Estes concertos gratuitos encantam os portuenses e os turistas e são mais uma atração para um local já muito procurado e apreciado por quem visita a cidade.

Em dezembro de 2017 foi celebrado o Concerto de Órgão nº 1000. Foi um dia especial, que contou com a presença de dois organistas e de uma soprano. Mas todos os dias pode celebrar a longa vida destes históricos órgãos de tubos e desfrutar da sua música.

 

Marques da Silva – O arquiteto do Porto
10 Janeiro, 2018 / ,

A sua obra marca definitivamente a cidade do Porto. De habitações particulares, passando por escolas e até por um monumento icónico, Marques da Silva ajudou a construir uma cidade mais moderna e mais bonita.

Nascido na Rua Costa Cabral, no Porto, viria a falecer na mesma cidade em 1947. José Marques da Silva nasceu, viveu e morreu no Porto, mas Paris e a estética francesa viriam a influenciá-lo. Começou por estudar na Academia Portuense de Belas-Artes, ingressando depois na  École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts.

Regressou a Portugal em 1896, assinando logo um projeto de grande importância: a estação de São Bento. Aliás, a Gare Central tinha sido o seu trabalho final no curso de Arquitetura tirado em Paris. No entanto, a ideia inicial teve de ser sucessivamente reformulada, pelo que a estação só viria a ficar concluída em 1916. No entanto, o facto de lhe ter sido entregue uma obra de tamanha envergadura – a primeira estação ferroviária da cidade – demonstra o prestígio que tinha já na fase inicial da sua carreira. Em 1900 recebeu uma medalha de prata na exposição de Paris, o que contribuiu para aumentar o seu prestígio nacional e internacional.

Ao longo da sua vida, Marques da Silva assinou vários projetos que modernizaram o rosto da cidade. São edifícios que aliam o lado estético à funcionalidade e que estão um pouco por toda a cidade, da Baixa a Serralves.

Foi também professor e diretor na Faculdade de Belas-Artes do Porto e na Escola de Arte Aplicada Soares Reis. Foi também autor de obras de relevo em Guimarães e em Barcelos.

Algumas obras emblemáticas no Porto:

Estação de São Bento (1896-1916)

Edifício das Quatro Estações (1905), Rua das Carmelitas

Casa Atelier Marques da Silva (1909),  Praça do Marquês de Pombal

Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular (1909), Rotunda da Boavista

Teatro Nacional S. João (1910-1920), na Praça da Batalha

Edifício dos Grandes Armazéns Nascimento, (1914-1927), esquina da Rua de Santa Catarina com Passos Manuel

Liceu Alexandre Herculano (1914-1931), na Avenida de Camilo

Palácio do Conde Vizela (1917-1923), na Rua das Carmelitas/ Rua do Conde de Vizela/ Rua de Cândido dos Reis

Liceu Rodrigues de Freitas (1918-1932), na Praça de Pedro Nunes

Edifício Joaquim Emílio Pinto Leite (1922), na Avenida dos Aliados,

Edifício de Rendimento (1925-1928), na Rua de Alexandre Braga

Casa e Jardins de Serralves (1925-1943), na Rua de Serralves

 

 

Igreja Românica de Cedofeita
10 Janeiro, 2018 / , ,

É a igreja mais antiga do Porto, com origens que remontam ao século VI e a um rei desesperado para salvar um filho doente.

Classificada como Monumento Nacional e localizada junto a uma outra igreja maior e mais moderna, a Igreja de São Martinho de Cedofeita, vulgarmente conhecida como Igreja Românica de Cedofeita, destaca-se pela sua simplicidade e antiguidade.

A atual igreja não é, porém, o edifício original, já que o templo inicia, que dataria do século VI e da Dinastia Sueva, sofreu várias alterações ao longo dos anos. Os vestígios mais antigos seriam de finais do século IX, portanto anteriores à própria formação de Portugal, que só ocorreria no século XII. Terá sido depois de 868 (ano da reconquista da cidade aos mouros) que aqui foi construído um templo, cujos capitéis ainda resistem. Estes elementos foram construídos em calcário, provavelmente vindo da região de Coimbra, enquanto o restante edifício foi feito em granito. As partes mais baixas da capela-mor serão posteriores, datando já de cerca de 1087.

No entanto, a fase românica desta importante obra só surgiu mais tarde, já no período do reinado de D. Afonso Henriques, o primeiro rei português. Para além da antiguidade, esta igreja tem características arquitetónicas e decorativas únicas nesta região do país: particularmente importante é o tímpano no Portal Norte, onde se pode ver um Agnus Dei (cordeiro místico que simboliza Cristo no Apocalipse), bastante semelhante a outra que existe atualmente no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra. As influências dessa região podem ser explicadas pelo facto de nesta obra ter trabalhado Soeiro Anes, que esteve também ligado à Sé Velha de Coimbra.

A lenda:

O rei suevo Teodomiro, desesperado para salvar o filho doente, fez uma promessa a São Martinho de Tours, enviando para Tours ouro e prata com peso igual ao do seu filho. No regresso, um bispo trouxe uma relíquia do santo e, quando esta foi mostrada, o doente curou-se. Agradecido, o rei converteu todo o seu povo ao Catolicismo e mandou construir uma igreja em honra do santo. A igreja foi rapidamente construída, ficando conhecida como Cito Facta, que significa Feita Cedo. Desta expressão deriva o atual nome daquela zona: Cedofeita.

Informações:

Largo do Priorado, Porto

Horário: terça a sexta-feira:  16:00-19:00

 

Coliseu – Um símbolo da cultura da cidade
5 Dezembro, 2017 / ,

Mais do que um edifício que marca a paisagem da Baixa da cidade, o Coliseu do Porto é um exemplo de superação de dificuldades e da forma como os portuenses defendem os seus símbolos.

O atual edifício foi inaugurado a 19 de dezembro de 1941, refletindo, num projeto em que participaram vários arquitetos, o Modernismo que tinha marcado o final dos anos 30. No entanto, o local onde hoje está o Coliseu já tinha recebido, no início do século XX, o Salão Jardim Passos Manuel, local de exibição de cinema, mas também de festas, de music-hall e de exposições de pintura. O sucesso deste conceito levou a que o proprietário pensasse em ampliá-lo. Em 1938 começaria a ser construído o Coliseu, que foi inaugurado com um Sarau de Gala. Esse concerto Inaugural viria ser recriado aquando das celebrações do 50º aniversário.

Desde a sua inauguração, e até ao final dos anos 60, a sala recebeu cinema, concertos, ópera e circo. Por lá passaram, durante esse período, nomes como Marcel Marceau ou Rudolf Nureyev. Nos anos 70, o Coliseu passou a acolher também o Cine-Estúdio Passos Manuel, uma sala mais pequena dedicada ao cinema de autor.

Em meados dos anos 90 ocorreram dois dos episódios mais marcantes da vida do Coliseu: em 1995 surgiram rumores de que seria vendido à IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), o que levou a que, durante vários dias, centenas de pessoas se manifestassem junto ao edifício. Devido à pressão, a empresa proprietária acabou por aceitar vender o edifício à Associação dos Amigos do Coliseu do Porto, surgida dessa onda de solidariedade entre artistas, agentes culturais e figuras anónimas.

A 28 de setembro do ano seguinte, e poucas horas depois de terem terminado os desfiles do Portugal Fashion, mais um sobressalto para o Coliseu e para a cidade: um incêndio destruiu a caixa de palco, danificando também a sala e os camarins. Mais uma vez, instituições, empresas e particulares uniram-se num esforço exemplar, permitindo que o Coliseu reabrisse em dezembro desse ano, cumprindo-se assim, como sempre, a tradição de receber o Circo de Natal.

O Coliseu modernizou-se no final dos anos 90 e hoje continua a ser um dos principais palcos da cidade.

 

 

As igrejas “gémeas”
5 Dezembro, 2017 / ,

Ficam lado a lado, separadas por uma casa estreita, que chegou a ser habitada. As igrejas do Carmo e das Carmelitas parecem uma só, mas têm histórias muito diferentes.

Entre estas duas igrejas fica o edifício mais estreito da cidade, que dá acesso à torre sineira. No entanto, para lá chegar, é necessário subir três andares e passar por cima da abobada da igreja das Carmelitas.

A Igreja das Carmelitas foi a primeira a ser construída e fica junto ao antigo Convento de Nossa Senhora do Porto (atual quartel da GNR). É uma igreja do século XVII, com uma fachada clássica, mas um interior riquíssimo, em talha rococó portuense. Foi a primeira casa dos monges da ordem das Carmelitas Descalças. A primeira pedra foi lançada a 5 de Maio de 1619 e a obra ficou concluída em 1622.

A Igreja do Carmo é mais recente, datando da segunda metade do século XVIII. Assim, o estilo rococó (caracterizado por uma enorme profusão de detalhes decorativos) está bem mais patente, tanto na arquitetura exterior como no interior. Os azulejos que cobrem a fachada lateral foram colocados em 1912. São da autoria de Silvestre Silvestri e são alusivas ao culto de Nossa Senhora.

Rua Sá da Bandeira
7 Novembro, 2017 / , , ,

Hoje é uma das ruas mais centrais e movimentadas do Porto, mas nasceu num local anteriormente ocupado por terrenos agrícolas, vielas e até cocheiras.

O próprio nome da rua tem uma história curiosa: Bernardo Sá Nogueira de Figueiredo era marechal fiel às tropas liberais. Durante o Cerco do Porto, na guerra travada entre Liberais e Absolutistas, o braço onde transportava a bandeira liberal foi-lhe amputado pelo inimigo. Passaria a ser conhecido como Sá da Bandeira. Mais tarde assumiria cargos políticos de relevo, chegando mesmo a ministro. Seria também distinguido com os títulos de barão, visconde e marquês.

A Rua Sá da Bandeira só surgiu no século XIX: até então, esta era ainda uma zona com quintas e terrenos de cultivo, muitos deles pertencentes a D. Antónia Adelaide Ferreira (A Ferreirinha), um dos nomes mais importantes na história do Vinho do Porto. A zona tinha também pequenas vielas, que foram quase totalmente demolidas.

A rua começou a ser construída em 1836, mas as primeiras casas só surgiriam sete anos depois. Em 1875 foi prolongada até à Rua Formosa e a continuação até à Rua de Fernandes Tomás (1904) obrigou à demolição das cocheiras onde estavam os cavalos que nessa altura puxavam os transportes públicos da época. Mais tarde, a rua viria a ser prolongada até para Sul e posteriormente para Norte, até ganhar a forma atual.

 

Pontos de Interesse

 

Teatro Sá da Bandeira

Abriu em 1870, mas antes já tinham existido no mesmo local estruturas mais rudimentares destinadas a espetáculos. Por ali passou, em1895, Sarah Bernhardt e foi também neste local que foram exibidos os primeiros filmes feitos em Portugal. Terá sido o primeiro teatro do Porto a usar iluminação elétrica.

 

 

Mercado do Bolhão

O mercado mais tradicional da cidade foi construído em cima de uma bolha de água (daí o seu nome). Datado de 1850, é um belo exemplo da arquitetura neoclássica, mas é o seu interior, onde a alma Porto está mais presente. Os produtos frescos, a simpatia dos vendedores e a frescura dos produtos tradicionais portugueses merecem uma visita.

 

 

Palácio do Comércio

Edifício de habitação, comércio e escritórios, que surpreende pela sua imponência. Vale a pena prestar atenção às esculturas de cavalos que estão no topo, bem como a toda a sua arquitetura. Foi construído nos anos 40 pelo casal de arquitetos David Moreira da Silva e Maria José Marques da Silva, filha de José Marques da Silva, um dos arquitetos mais importantes da cidade.

 

 

Antigo café A Brasileira

Atualmente está em obras para se transformar num hotel, mas este é um edifício com história. Em 1903, Adriano Teles, que tinha sido emigrante no Brasil, abriu este café para dar a conhecer a sua própria marca de café. Durante as décadas de 50 e 60 era local habitual de tertúlias.

O dia em que o Rei visitou o Porto
13 Outubro, 2017 / ,

Em novembro e dezembro de 1908 D. Manuel II, que viria a ser o último rei de Portugal, fez uma longa viagem ao norte do país, tendo passado vários dias no Porto.

Num desses dias, e depois da mãe, a Rainha D. Amélia, ter feito compras numa grande loja da cidade, o povo reuniu-se no Campo da Regeneração (atual Praça da República), para uma parada militar. Dizem os jornais da época que muitas pessoas subiram aos telhados para poderem assistir e que nas ruas, os automóveis, trens e elétricos que se dirigiam ao local tiveram de voltar para trás.

O desfile percorreu várias ruas da Baixa e, em plena Rua de Santa Catarina, o cortejo é recebido com uma grande chuva de flores. No final do dia, tem lugar um jantar de gala no Palácio dos Carrancas. Dona Amélia teve também um dia preenchido, tendo visitado o atelier do escultor Teixeira Lopes.

Depois de ter percorrido diversas localidades do norte, D. Manuel II regressaria ao Porto, tendo participado num sarau no Ateneu Comercial do Porto. Em mais uma homenagem ao rei, os banheiros da Praia do Ourigo deram o nome do monarca à praia. Em outubro de 1910 deu-se a implantação da República e a designação ficou para sempre esquecida.

Fonte: O Tripeiro 7ª série Ano XVI Número 1 e 2 Fevereiro 1997

31 de janeiro de 1891 – Uma revolução que terminou em sangue
3 Março, 2017 / ,

A 31 de janeiro de 1891 teve lugar, no Porto, a primeira tentativa de implantação da República. Descontentes com a crise económica e com um Ultimato lançado pelos britânicos, que punha em causa a presença portuguesa em África, um grupo de influentes homens do norte comandou dezenas de soldados, em direção ao centro da cidade, com a intenção de tomar a estação de correios e telégrafos e implantar a República. Acabaram por ser travados pela guarda municipal, fiel à Monarquia e colocada na escadaria da Igreja de Santo Ildefonso.

A República chegou a ser proclamada na varanda dos Paços do Concelho, que seria o último reduto dos revoltosos. Os que não morreram na batalha acabariam por ser levados para navios fundeados em Leixões. Outros conseguiram fugir para o estrangeiro. A República só seria implantada em 1910.

A memória desta data permanece ainda hoje na toponímia da cidade, com a Rua 31 de Janeiro, na Baixa do Porto, bem como nas ruas que têm os nomes dos autores dessa revolução frustrada: Alves da Veiga, Rodrigues de Freitas ou Alferes Malheiro.

Fonte: O Tripeiro (Série Nova) Ano X número 1