Curiosidades

Miragaia
22 Novembro, 2024 / ,

Miragaia começou a ser povoada em 1243 e era um pequeno lugarejo de pescadores à beira-rio. A praia de Miragaia, situada sobre a antiga praia fluvial, era frequentada por pescadores locais.

Miragaia era uma zona piscatória por excelência, pois permitia fundear as embarcações de forma segura e abrigada, dada a localização geográfica junto ao Rio Douro, e igualmente banhada pelo Rio Frio que abastecia, de água doce, a localidade.

As condições do terreno, de grande areal, permitiram igualmente a localização dos estaleiros navais onde foram construídas inúmeras embarcações, nomeadamente, da frota que o Infante D. Henrique mandou construir no Porto, para a conquista de Ceuta em 1415.
Miragaia já estava ligada à cidade, inclusive à muralha que D. Afonso IV edificou, que este desenvolveu a caminho do ocidente, e que só foi terminada no reinado de D Fernando.

Nesta muralha, foi edificada por D.Manuel I a Porta Nobre, para ampliar o velho Postigo da Praia de Miragaia, estendia-se desta porta até Monchique, e era conhecida como a “Praia do Mosqueiro”. O “Largo da Praia”, é o largo que forma a Rua de Miragaia, frente a Alfândega.
O bairro dos Judeus em Miragaia, ocupava um largo espaço entre a praia, a escarpa da bandeirinha e a zona de Monchique. Tinham a sua sinagoga própria e cemitério privativo.

A baixa de Miragaia, com as suas famosas arcadas, que eram a frente das casas que davam para o areal, foi pouco a pouco sendo invadida por população de despachantes e transitários, e os seus escritórios foram tomando conta, dos andares superiores.

Como o rio deixou de ter tráfego e cargas de contentores, houve um contraciclo: as actividades de despachantes e transitários e os escritórios partiram, e voltaram as gentes.
A Alfândega foi construída sobre estacas e com contacto directo das águas do rio com a terra, através dos bueiros abertos para o movimento oposto.

Nos tempos em que o rio era grande e não havia barragens no Douro, mal começavam as águas a ameaçar a zona da Ribeira, já Miragaia as via a ameaçar as suas casas.

No ano de 1966, a água foi tanta que algumas vezes voltou a entrar nas casas e os barcos voltarem a subir a Rua de Miragaia.

A luta das gentes de miragaia reflecte o querer e a vontade, que se ergue lutadora e honrada como descendente dos marinheiros que aqui viviam.

Este Bairro típico e encantador proporciona umas belas vistas do rio Douro a partir das zonas mais elevadas.

O Porto em Miniatura
21 Novembro, 2024 / , , ,

“O Porto em Miniatura”, é uma exposição única que recria os monumentos mais emblemáticos da cidade do Porto, em escala reduzida.

Cada miniatura foi elaborada com um incrível nível de detalhe, proporcionando uma nova perspetiva sobre o património histórico da cidade.

São duas dezenas de maquetes: a Torre dos Clérigos, a Estação de São Bento, a Ponte Pênsil, o conjunto monumental da Sé, a Quinta do Viso, Cadeia da Relação e diversas Igrejas e Capelas, bem com lindíssimos quiosques e os castiços urinóis de antigamente.

Os materiais usados na construção são os mais variados, tal como madeira, corticite, cobre, latão e gesso, entre outros.

O Autor

Nascido no Porto, a 11 de agosto de 1923, Agostinho Conceição Gonçalves Teixeira deixou um legado notável como guardião da memória histórica e arquitetónica da sua cidade natal.

O seu percurso de vida, marcado pela dedicação ao trabalho e à cultura, reflete a história de um homem simples, mas com uma paixão singular.

Com uma precisão e um detalhe impressionantes, Agostinho Teixeira dedicou-se a criar miniaturas dos principais monumentos da cidade do Porto.

A sua coleção inclui cerca de 40 maquetes, entre as quais se destacam representações do antigo Palácio de Cristal.

A sua obra, inicialmente cedida à Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto, foi exibida na Casa de Bonjóia com o objetivo de angariar fundos para fins sociais.

Em 2006, a coleção foi entregue a Francisco Almeida Lemos, que continua a preservá-la, assegurando que o legado de Agostinho Conceição Gonçalves Teixeira permaneça vivo.

 

Elevador da Ribeira
31 Outubro, 2021 / ,

O Elevador da Ribeira ou ascensor da Lada liga a Ribeira do Porto à meia encosta do Barredo.

Este elevador vertical com um passadiço, é um transporte público urbano de acesso gratuito situado na cidade do Porto.

Para subir dirija-se ao número 66 do Largo dos Arcos da Ribeira, junto à Ponte D. Luís.

A viagem é rápida e um excelente meio de subir para a parte alta da cidade, sem precisar enfrentar ladeiras e escadas.

Tem um vigilante no piso inferior para salvaguardar o seu bom funcionamento.

Uma vez no patamar superior temos uma ótima panorâmica de algumas pontes e do cais de Gaia, assim como umas vistas bem diferentes de algumas partes da ribeira.

O Bairro da Lada sofreu várias alterações e obras ao longo dos anos.

Este elevador em ferro fez parte deste projeto, foi perfeitamente enquadrado com a sua vizinha ponte metálica, e ficou pronto em 1993, mas só em 95 entrou em funcionamento.

A Camélia e o Chá … porque as Camélias também se bebem
5 Abril, 2021 /

O chá provém das folhas de Camélia Sinensis ou Rosa Chinesa.

Morfologicamente a planta do chá é um arbusto e apresenta uma delicada flor branca.
Esta espécie de Camélias necessita de solos ácidos, de ambiente com temperaturas amenas e com muita humidade, como no Porto.

Para a produção de chá apanham-se apenas as folhas jovens e botões da copa do arbusto.
Podemos apanhar as folhas durante todo o ano, quando rebentam folhas novas.

O Porto tem uma longa e íntima relação com o chá. Os seus caminhos cruzam-se algures no séc.XVI, tendo sido um padre jesuíta o primeiro Europeu a deparar se com a planta do chá, numa missão na China.

É muito possível que os barcos ingleses que vinham ao Douro carregar o vinho do Porto na sua viagem de regresso levassem consigo algumas plantas de camélia, talvez as primeiras a dar entrada naquele país.

Terá sido Catarina de Bragança, casada com o rei de Inglaterra Carlos II a introduzir o “5 o’clock tea” na corte inglesa. O amor pelo chá espalhou-se por todo país, sendo um hábito que perdura ainda hoje.

Ponte da Arrábida
1 Março, 2021 / , , ,

A Ponte da Arrábida constitui uma obra-prima da Engenharia de Pontes, sendo como tal reconhecida internacionalmente.

Aquando da sua conclusão, em 1963, constituía a ponte em arco de betão armado com maior vão em todo o mundo. É considerada uma obra-prima de Engenharia de Pontes. Tem 500 metros de comprimento, e fica a 70 metros do nível do rio.

É a primeira grande ponte sobre o rio Douro integralmente concebida, projectada e construída pela Engenharia Portuguesa. O seu autor assinou projectos de pontes nos quatro continentes – o Eng. Edgar Cardoso.

A sua construção durou 7 anos (entre 1956 e 1963) e ainda lá está a pequena casa de onde foi coordenada a construção da ponte. Actualmente é o restaurante Casa D’Oro

A Arrábida veio colmatar a necessidade de ligação por via rodoviária da cidade do Porto a Vila Nova de Gaia, tendo sido a segunda ponte a permitir essa passagem.
De entre as várias pontes do estuário do rio Douro, a Ponte da Arrábida é a ponte mais próxima da foz.

Esta ponte também foi concebida para permitir a circulação de peões e, por isso, foram instalados quatro elevadores, dois de cada lado, que tinham capacidade para cerca de 25 pessoas. Deixaram de funcionar por questões de segurança.

É um dos mais poderosos, se não o mais poderoso, símbolo da Cidade, provavelmente aquele que no futuro melhor simbolizará o Porto do século XX.

Constitui Património no sentido mais nobre do termo. E é onde se descobrem novas e belas perspectivas portuenses frequentemente.

Foi classificada como Monumento Nacional no ano do seu 50º aniversário, em 2013.

 

Sabia que?  

As visitas ao arco da Ponte da Arrábida começaram em 2016, sendo este o único arco de uma ponte que pode ser visitado na Europa – 262 são os degraus que se tem de subir para o visitar.

 

A 1ª Arvore de Natal do País foi no Porto
24 Dezembro, 2020 /

De acordo com a história, terá sido no Porto que pela primeira vez se ergueu uma Árvore de Natal no país.

Aconteceu no antigo Palácio de Cristal, em 1865, durante a exposição internacional, sendo que esta foi também a primeira exposição internacional da Península Ibérica.

Diz a lenda que foi escolhida como símbolo de natal pela sua forma triangular, que na tradição cristã representa a Santíssima Trindade : Pai, Filho e Espirito Santo

A Arvore de Natal ou Pinheiro de Natal é conhecida no formato actual desde o Sec.XVI. Apareceu na Alemanha onde decoravam pequenos pinheiros com papéis coloridos frutas e doces. A tradição espalhou-se por toda a europa e chegou aos EUA em 1800.

O presépio é tradição na casa dos portuenses cristãos. Há registos de presépios desde no Séc. XIII , criado por S. Francisco de Assis em 1223, numa gruta em Assis, e a sua forma actual remonta ao Séc. XVI. Normalmente montado ao pé da arvore de natal e dos presentes, recria o nascimento de Jesus num estábulo.

O Natal é uma época mágica para visitar o Porto, uma cidade repleta de tradições e maravilhas artesanais, deliciosos vinhos tradicionais, e apreciar a atmosfera festiva.

Na véspera de Natal, a família portuense junta-se à volta do Pinheiro de Natal e do presépio.

A tradição da Ceia de Natal no Porto
9 Dezembro, 2020 / , ,

As tradições natalícias sempre tiveram um significado muito especial no seio das famílias tripeiras, mas há 100 anos era tudo um pouco diferente

A ceia de natal (jantar de dia 24 de Dezembro) apenas existia no norte. A sul do Porto, a partir do Advento, as famílias faziam jejum de carne, e este dia era passado em rigoroso jejum. Só depois da Missa do Galo, é que a ceia era servida.

O Porto já seguia a tradição da Idade Média, com o Bacalhau de Natal. A família reunia-se à mesa para celebrar em conjunto a consoada (que vem do verbo consolar).

Como não se podia comer carne, e o bacalhau era o peixe mais barato, o repasto era constituído por bacalhau cozido, acompanhado com couves e batatas cozidas, regados por um bom azeite nacional extra virgem; os pastéis de bacalhau, o polvo guisado, ou o arroz de polvo eram outros dos pratos sem carne mais escolhidos.

Mas a partir da II Guerra Mundial, apenas as famílias mais ricas continuaram a poder consumir bacalhau com regularidade, e para essas o bacalhau passou a ser só para os dias festivos.

Há uma lenda que diz que em Toledo, antes das 12 badaladas, os lavradores matavam um galo, que levavam para a igreja para dar aos mais pobres, para terem um Natal mais feliz. Assim a carne estava reservada para o Dia de Natal (25 de dezembro) sendo o peru recheado o rei deste dia.
A missa do galo não fazia parte das tradições portuenses, pois o convívio familiar não se devia interromper. No norte ninguém rezava pelo menino jesus à meia-noite, pois a essa hora toda a gente estava à volta do polvo e do bacalhau.

Para a sobremesa destacavam-se as broas de natal, e mais tarde o famoso Bolo-rei, de forma redonda, com um buraco ao meio. Tradicionalmente, no interior do bolo havia uma fava seca, e um pequeno brinde feito de metal ou cerâmica. A quem saísse a fatia com a fava tinha o dever de pagar o próximo bolo-rei, já o brinde dava sorte a quem o encontrasse.

Por trás deste bolo existe uma simbologia com cerca de 2000 anos. A lenda diz que o bolo representa os presentes que os Reis Magos ofereceram ao Menino Jesus. A coroa simboliza o ouro, as frutas cristalizadas e secas são a mirra, e o aroma do bolo o incenso.

Esta tradição foi importada de França, da corte de Luis XIV, onde se fazia este bolo para as festas de Ano Novo e do dia de Reis. Ao Porto o Bolo-rei chegou em 1890 pela Confeitaria Cascais.

Outra sobremesa que um portuense não dispensa na consoada é a Aletria. Tem origem árabe e era feita com massa fina, leite de amêndoas e mel. É normalmente coberta com desenhos feitos em canela.

Também as Rabanadas são iguaria doce na casa dos portuenses, no natal. Na invicta é habitual embebedá-las com vinho do Porto. No sul chamam-se fatias douradas.
As primeiras receitas remontam a 1611. No início do séc.XX eram muito comuns em Madrid, sendo de lá que nos chegou a receita.

O Vinho do Porto é o néctar do natal portuense, e é sempre uma boa altura para beber, comprar e oferecer. Sem nunca esquecer a escolha dos melhores vinhos para pôr à mesa nestas festividades.

O sistema de alarme de incêndios na cidade do porto no século XIX
13 Novembro, 2020 / , ,

ACUDAM, SOCORRO, SOCORRO….

Maria das Dores Bernardes, filha do açougueiro Bernardo, gritava a plenos pulmões, que tinha a casa a arder e aflita pedia ajuda aos seus vizinhos que paredes meias, viviam com ela noutras casas de madeira na Ribeira do Porto.
Os vizinhos fizeram o que podiam acorrendo com baldes de água e pouco mais, pois nada mais havia a fazer…
Ouviam-se gritos de terror e choros de mulher, clamando pela intervenção divina…
Bastaram alguma horas, para que tudo ficasse destruído e os poucos bens consumidos pelo fogo.

Esta história de pura ficção, seria uma situação que terá seguramente ocorrido várias vezes nos primeiros anos do Século XIX na Cidade do Porto, onde um pequeno fogo criava o caos na cidade e não havia quem acudisse aos incêndios que consumiam as pequenas casas. Era preciso tomar medidas para que estes fogos não agravassem ainda mais a situação difícil de quem, com muito pouco, conseguia sobreviver e os incêndios eram o pior de todos os males.

Não havia bombeiros, nem carros de combate a incêndios, e na falta de luz eléctrica (só é inventada muitos anos depois), apenas as velas e as candeias iluminavam as casas à noite, potenciando o risco de incêndios, em particular nos núcleos urbanos mais fechados. O sobressalto era permanente e os riscos cada vez maiores, porque a população aumentava a olhos vistos – vinham do interior, do Minho e de todas as regiões do país à procura de melhores condições de vida que as novas indústrias da revolução industrial, vinham trazer a toda esta gente.
As pequenas casas ficavam cada vez com mais gente que lá dormia e o risco potenciado.

Era preciso fazer rapidamente alguma coisa…
E foi aí, que por acordo entre os representantes dos diferentes mestres da cidade, da Câmara Municipal e do Cabido, se procura uma solução inovadora para acalmar as populações e minorar os riscos de incêndio.
Eureka! Finalmente uma solução…Todos eram chamados a acudirem a um incêndio, fosse em que parte da cidade fosse – todos seriam voluntários.

Desenhou-se uma geringonça, um “aparelho” capaz de avisar toda a gente de que havia um incêndio para que todos pudessem acudir.

SISTEMA DE ALARME DE INCÊNDIO

Guardada dentro de uma caixa de ferro, uma alavanca puxava uma corda protegida dentro de um cano de ferro e que faria tocar o sino da Igreja bem lá no alto dando um número de toques no sino que anunciava o local de incêndio, e assim toda a população saberia para onde se deslocar para socorrer quem precisava de ajuda.
Criou-se um regulamento uniforme em toda a Cidade e consoante o número de vezes que o sino da Igreja tocasse, para esse lugar quem pudesse acudir se dirigiria.
Para isso foi criada uma tabela de número de badaladas que o sino tocaria, onde o incêndio ocorresse conforme os lugares. Assim, se o incêndio ocorresse na zona da Sé, o sino tocaria 4 badaladas e assim sucessivamente. Logo que o sino tocasse 3 vezes, o alarme sinalizava que a situação estava controlada e tudo poderia voltar à normalidade. Este sistema, foi então montado em várias Igrejas, nos anos 50, do século XIX localizadas em pontos estratégicos da Cidade e assim funcionou dando bons resultados.

Só anos mais tarde, em 1875 é fundada no Porto a Associação dos Bombeiros Voluntários por um grupo de pessoas influentes na Cidade, comerciantes e industriais que, preocupados com a salvaguarda dos seus bens, decidem por mãos à obra, e criar as melhores condições para que em caso de incêndio os bombeiros pudessem apagar os incêndios.
Assim, não admira que pessoas influentes na Cidade e com capacidade financeira para organizarem uma Associação de Bombeiros Voluntários tivesse sido essencial para pôr em marcha uma organização que defendesse todos daquele inimigo comum – O fogo!

Nomes como Alexandre Theodoro Glama, Hugo Kopke, Walter Kendall, Alexander Miller Fleming, foram fundamentais na concretização desta necessidade cada vez mais sentida no Porto, instalando a sua primeira Sede na Rua do Bonjardim.
Foram sendo construídas carretas especificas com bombas manuais de água que transportavam em barris e que podiam acalmar a ira das labaredas.
Para divulgação da actividade dos Bombeiros Voluntários, foi criada em 1876 a publicação “O Bombeiro Portuguez”, que era uma folha quinzenal, onde se dava conta da criação de outras máquinas e técnicas de combates e incêndios, além de outras notícias.

Sendo necessário aumentar o quadro de voluntários, foram colocados avisos em 1872, nas casas comerciais da Cidade, de recrutamento para que se disponibilizassem para esta nobre e altruísta função.
E aqui surge a inscrição como voluntário de um jovem de 19 anos, nascido no Brasil em 1850 de uma família abastada que se instala no Porto.
Guilherme Gomes Fernandes, de seu nome desenvolve uma notável evolução na criação de condições aos Bombeiros Voluntários do Porto até à sua morte em 1902 em Lisboa, no seguimento de uma septicémia após uma cirurgia.
É homenageado numa Praça que ostenta o seu nome (antiga Praça Santa Teresa), onde um busto guarda para sempre a sua memória.

Bem…
Quanto às “geringonças”, deixaram de ter razão de ser e de cumprir o seu papel, enferrujando-se e quase que se perderam para sempre, e digo quase, porque felizmente, algumas foram recuperadas recentemente e colocadas em funcionamento como na altura em que foram criadas, como por exemplo a que se encontra na fachada da Igreja de S. Lourenço na Sé, entre outros casos que apraz registar e continuar a proteger porque fazem já parte da história da Cidade.
Hoje já não desempenham o seu papel de alarme de incêndio, mas mantêm vivas as memórias da cidade que valem sempre a pena preservar.

Associação Comercial do Porto – desde 1834
7 Outubro, 2020 / , ,

Embora tenha sido oficialmente fundada em dezembro de 1834, a Associação Comercial do Porto tem origem que remontam ao século XII, altura em que o comércio e os comerciantes, sobretudo nas zonas costeiras, vão ganhando mais poder.

Ao longo dos séculos, devido à sua localização privilegiada e ao espírito empreendedor das suas gentes, a cidade do Porto adquire grande relevância, tornando-se numa importante praça financeira na Europa e no mundo. É nesta fase que surge a Bolsa Comum, criada pelos mercadores para cobrir riscos e prejuízos do envio das suas encomendas. Esta Bolsa foi confirmada em 1295 por D. Dinis e em 1402 por D. João I.

No entanto, até 1834 não existia qualquer organização de comerciantes com personalidade jurídica e capaz de dar resposta às necessidades dos empresários locais. Nesta altura, as reuniões, troca e recolha de informações, negócios e leilões tinham lugar na Juntina, situada na então Rua dos Ingleses. Após a revolução liberal de 1822 e a promulgação do Código Comercial, a Juntina foi a base da constituição da Associação Comercial do Porto, que é atualmente segunda Câmara de Comércio e Indústria mais antiga em Portugal Continental.

Porto cidade do Trabalho e da Liberdade
7 Outubro, 2020 / , , ,

Afirmar-se que o Porto é a cidade do trabalho – é uma imagem de marca, certamente adequada e justa, mas que não garante, por si só, que todos os do Porto amem o trabalho ou que não haja muitas outras terras que mereçam igual encómio.

Em todo o caso, tal fama traduz o reconhecimento externo de que as suas gentes são laboriosas e que ao longo da História se têm afirmado pelo trabalho, isto é, pelo negócio em contraposição ao ócio.

Todavia, o Porto não é apenas a cidade do trabalho.

A tradição portuguesa, corroborando opinião de eruditos oitocentistas e ocorrências históricas de’ projeção nacional, vai-lhe atribuindo o epíteto de terra da Liberdade, brasão mais antigo e mais nobre que o anterior e que, contrariamente a hipotéticas considerações sobre um paraíso perdido de fundo bíblico, não só não o desmente como até o complementa.

De facto, o trabalho sendo ou não consequência ou castigo da queda original, é condição de sucesso do homem comum.

Mas… trabalho sem liberdade é sempre escravidão.

Fonte: O Tripeiro 7ª série Ano XVI Número 6 e 7 Jun/Jul 1997