Se passear pela zona da Ribeira, o que obrigatoriamente terá de fazer se vier ao Porto, é muito provável que se cruze com a estátua de homenagem a Deocleciano Monteiro (a localização exacta é na Rua Cimo do Muro, nº 12, junto à Ponte D. Luís).
Se o nome não lhe diz absolutamente nada, não se preocupe! O mesmo acontecerá à maioria dos portuenses! Já, porém, quase todos lhe saberão dizer quem foi o “Duque da Ribeira”, nome por que desde sempre ele foi e ficou conhecido. Conta aliás a tradição que foi a própria mãe quem, em face da dificuldade em pronunciar o nome Deocleciano, o tratava por “Duque”.
Nascido no Porto em 24 de Março de 1902 e falecido em 9 de Novembro de 1996, o Duque nasceu e viveu sempre na Ribeira, até à sua morte, sendo uma figura dela indissociável e absolutamente carismática ao longo de todo o século XX.
Com apenas 11 anos, salvou uma pessoa de morrer afogada no rio. Desde aí, essa marca heroica nunca mais o deixou, apesar da sua modéstia e extrema humildade.
O Duque cresceu no rio, onde toda a vida aí foi barqueiro. Conhecia o Douro, as suas águas, as suas correntes, a sua vida, como ninguém! Esse facto, aliado à sua coragem e agilidade física e ao facto de ser um excelente nadador, permitiu-lhe ao longo de toda a vida salvar muitas pessoas de morrer afogadas nas águas, por vezes traiçoeiras, do rio bem como, noutros casos, de resgatar os corpos daqueles que aí perdiam a vida. Centenas de pessoas devem a vida – literalmente – ao Duque da Ribeira!
Foi também o responsável por ensinar muitas crianças da Ribeira a nadar!
Estivador, marinheiro e até actor!, a popularidade do Duque era imensa, e não é toa que no seu livro de autógrafos constam as assinaturas de vários presidentes da república e mesmo até da Rainha Isabel II de Inglaterra!
Por tudo isto, e por fim, um aviso: se se aventurar pelas águas do Douro, faça-o com todos os cuidados! Já não temos o nosso Duque a guardar o rio! Ele que, conforme consta do busto da autoria do Mestre José Rodrigues que para sempre havia de perpetuar nas margens do Douro a sua memória e a homenagem da cidade, foi “símbolo e sentido, testemunha e protagonista da vida da Ribeira”