História

A Praça da Ribeira
31 Outubro, 2021 /

A Ribeira é uma das mais típicas e antigas praças da cidade do Porto, situada na margem do rio Douro.

De origem medieval, sempre teve bastante movimento, devido à grande actividade económica e à presença de um porto a poucos quilómetros.
Era, por isso, um ponto importante de entrada e saída de pessoas e mercadorias na cidade invicta.

O século XIII representou um período de expansão em que o Porto cresceu próximo da margem ribeirinha. Desenvolveram-se casario, ruas, escadas e vielas.

No início do século XV a Ribeira fervilhava de gentes ligadas às múltiplas actividades do rio e do mar, domínio dos mercadores e geradora de burgueses.

Ao longo dos tempos foi sofrendo alterações urbanísticas. No séc. XVII num plano urbanístico para a cidade do Porto, a Praça da Ribeira foi alterada. Foi aberta a Rua de São João, melhorando o acesso da Ribeira à zona mais alta da cidade que, até aí, se fazia principalmente pela Rua dos Mercadores.

Onde terá existido um chafariz do século XVII, foi colocado um “Cubo” situado praticamente no meio da praça.
Apesar de todas as transformações que ocorreram no centro do Porto, a cidade manteve-se virada para o Douro, vivendo em função do seu rio.

O seu intenso trafego comercial, sempre coberto de navios, fez da Praça da Ribeira o centro económico e social da cidade.

Os prédios pitorescos que rodeiam a praça e a fantástica proximidade e vista para o Rio Douro e Vila Nova de Gaia, bem como as pontes sobre o rio, tornam esta praça num local de beleza ímpar.

Faz parte do Centro Histórico do Porto, Património Mundial da UNESCO, desde 1991, e é uma zona muito frequentada por turistas e um local de concentração de bares e restaurantes.

A Ribeira é o postal ilustrado do Porto e uma das zonas mais visitadas da cidade.

As Pontes que já não existem…
4 Outubro, 2021 / ,

Durante muitos anos a travessia do rio de uma margem para a outra era feita com a ajuda de jangadas e barcas.

Só em 1369 foi inaugurado um passadiço formado por barcas, uma corrente de ferro que as unia e um estrado de madeira por onde as pessoas caminhavam.

Mas havia um grande inconveniente, sempre que os níveis da água do rio subiam devido às chuvas intensas, a ponte improvisada ficava destruída.

A Ponte das Barcas, um pouco mais sofisticada, foi construída com objectivos mais duradouros, foi projectada por Carlos Amarante e inaugurada a 15 de Agosto de 1806.

Esta foi considerada a primeira ponte que ligou Porto e Gaia.

Era feita com 20 barcas postas paralelamente, interligadas por cabos de aço, e que suportavam uma série de tábuas de madeira, com duas aberturas para o tráfego fluvial, para que os barcos que subiam e desciam o rio pudessem passar. Além disso, era uma ponte desmontável, assim, ela poderia adaptar-se conforme as correntes do Douro aumentavam ou diminuíam.

Esta inovação só chegou em 1806 mas teve o seu fim em 1809, a ideia durou pouco.

A 29 de Março de 1809, durante a Segunda Invasão Francesa de Napoleão, quando o exército do General Soult marchava pela cidade com a intenção de destruí-la, a população desesperada correu em direcção ao rio para atravessar para o lado de Gaia.

Com a quantidade de pessoas em pânico sobre a ponte, esta entrou em colapso. O alçapão central foi aberto e a ponte desfez-se.

Mais de 4000 de pessoas morreram.

Depois da tragédia da Ponte das Barcas, outra ponte tinha que ser construída.

Esta ponte foi construída em 1843 e foi nomeada como D. Maria II, mas popularmente ficou conhecida como Ponte Pênsil, pois como o próprio nome indica, ela foi construída no sistema de suspensão ou sustentado em ferro, que se eleva 10 metros acima do nível médio das águas, e que permitiu um vão de 170 metros,.

A Ponte Pênsil – oficialmente D. Maria II – é uma bela obra para a época, dos engenheiros Bigot e Mellet.

Essa foi a primeira obra fixa construída sob o Rio Douro, e ela ficou ativa durante cerca de 45 anos, até ser substituída pela Ponte Luiz I, que foi construída ao seu lado.

Foi inaugurada em 1842 e demolida em 1887 para dar lugar à ponte que homenageava o rei da altura: D. Luís I.

Ponte D. Maria Pia
4 Outubro, 2021 / , , ,

Foi projecto do Eng.Theophile Seyrig e inaugurada em Outubro de 1877.

Nela trabalharam 150 operários da Eiffel Constructions Métalliques, e foram usados 1.600.000 kg de ferro.

Foi a primeira construção a considerar os efeitos dos ventos da região, e apesar da complexidade da ponte não demorou sequer 2 anos a ser construída.

As dimensões da largura do rio e das escarpas envolventes, exigiu a construção do maior arco em ferro do mundo, com um vão de 160m, e um tabuleiro de 352m, a 61m de distância do nível médio das águas do rio. Foi uma construção no limite das possibilidades da construção metálica. Na época esta ponte foi uma obra de engenharia que deslumbrou portugueses e estrangeiros.

Marcou a chegada da via-férrea à cidade invicta, e a ligação entre o Porto e o sul a nível ferroviário era a sua função. Permitiu concluir a ligação ferroviária entre o Porto e Lisboa que, na altura, terminava na estação das Devesas em Vila Nova de Gaia. Teve um profundo impacto na economia da região, pois a cidade do Porto assumiu a posição de nó num conjunto de linhas férreas importantes e permitiu o reordenamento do tecido urbano em função da localização das estações.

A festa de inauguração no dia 4 de Novembro de 1877, foi de arromba, e foi presidida pelo rei D. Luís I e pela Rainha D. Maria Pia, que lhe deu o nome.

A multidão veio assistir ao memorável espectáculo, encheu as redondezas da “obra de arte”, acenando lenços à passagem ao primeiro comboio a atravessar a ponte, com 24 carruagens e cerca de 1200 pessoas a bordo.

A segurança da ponte foi largamente comprovada com a passagem de comboios por mais de 100 anos.
Está classificada como monumento nacional e é o único monumento português que faz parte da lista de grandes obras de engenharia da Sociedade Americana de Engenharia.

Com o aparecimento da nova Ponte de São João, a ponte D Maria Pia foi desactivada a 1 de Junho de 1991, e desde esse dia que aguardam pacientemente pelo futuro, sendo prioritária a recuperação desta obra de arte.

Ponte Luíz I
5 Março, 2021 / ,

Um dos mais importantes e populares cartões-de-visita da cidade Invicta, é a ponte Luiz I.

Liga a ribeira do Porto ao cais de Vila Nova de Gaia, e todos portuenses a conhecem, e provavelmente a maioria já teve o privilégio de a atravessar no tabuleiro superior ou inferior.

Em 1879 começa a pensar-se na substituição da Ponte Pênsil que no fim descobriram que não era tão eficaz para a circulação do trânsito que crescia entre Porto e Gaia, e em 1881 começa então mas só 5 anos mais tarde foi inaugurada.

A ponte teve 2 momentos de inauguração: O tabuleiro superior foi inaugurado a 31 de Outubro de 1886, no dia de aniversário do rei D. Luiz; e o tabuleiro inferior só foi inaugurado só um ano mais tarde.

O autor da ponte foi Théophile Sevrig, um discípulo de Gustav Eiffel, e não pelo próprio autor da Torre Eiffel como muitos pensam.

Entre 1886 e 1944 quem queria passar a ponte tinha que pagar portagem, e este valor era pago por pessoa.
A circulação rodoviária do tabuleiro superior só foi proibida a partir de 2003, ano em que foi adoptado ao metro.

Esta ponte inovou na época ao possuir dois tabuleiros que consideravam duas cotas diferentes das cidades. O tabuleiro superior tem 395 metros de comprimento, e o inferior 174 metros.

Esta obra de arte, foi a ponte com o maior arco de ferro forjado do mundo, durante muitos anos – 172m. Apenas em 2017 foi ultrapassada por uma ponte Chinesa.

Em Dezembro de 2019, a Ponte Luiz I foi considerada uma das 15 pontes mais bonitas da Europa pela European Best Destinations, uma organização europeia de consumidores e especialistas que promove o turismo e a cultura na Europa, com sede em Bruxelas.

O nome da ponte é uma homenagem ao então rei Dom Luiz I, casado com Maria Pia, que já tinha dado o nome à ponte ferroviária.

Os portuenses anteciparam a cerimónia de inauguração para fazer coincidir com o aniversário do Rei, mas reza a história que o Rei não apareceu, o que ofendeu os tripeiros, que retiraram o título real à ponte, baptizando-a ponte apenas de “Luiz I”.

A tradição da Ceia de Natal no Porto
9 Dezembro, 2020 / , ,

As tradições natalícias sempre tiveram um significado muito especial no seio das famílias tripeiras, mas há 100 anos era tudo um pouco diferente

A ceia de natal (jantar de dia 24 de Dezembro) apenas existia no norte. A sul do Porto, a partir do Advento, as famílias faziam jejum de carne, e este dia era passado em rigoroso jejum. Só depois da Missa do Galo, é que a ceia era servida.

O Porto já seguia a tradição da Idade Média, com o Bacalhau de Natal. A família reunia-se à mesa para celebrar em conjunto a consoada (que vem do verbo consolar).

Como não se podia comer carne, e o bacalhau era o peixe mais barato, o repasto era constituído por bacalhau cozido, acompanhado com couves e batatas cozidas, regados por um bom azeite nacional extra virgem; os pastéis de bacalhau, o polvo guisado, ou o arroz de polvo eram outros dos pratos sem carne mais escolhidos.

Mas a partir da II Guerra Mundial, apenas as famílias mais ricas continuaram a poder consumir bacalhau com regularidade, e para essas o bacalhau passou a ser só para os dias festivos.

Há uma lenda que diz que em Toledo, antes das 12 badaladas, os lavradores matavam um galo, que levavam para a igreja para dar aos mais pobres, para terem um Natal mais feliz. Assim a carne estava reservada para o Dia de Natal (25 de dezembro) sendo o peru recheado o rei deste dia.
A missa do galo não fazia parte das tradições portuenses, pois o convívio familiar não se devia interromper. No norte ninguém rezava pelo menino jesus à meia-noite, pois a essa hora toda a gente estava à volta do polvo e do bacalhau.

Para a sobremesa destacavam-se as broas de natal, e mais tarde o famoso Bolo-rei, de forma redonda, com um buraco ao meio. Tradicionalmente, no interior do bolo havia uma fava seca, e um pequeno brinde feito de metal ou cerâmica. A quem saísse a fatia com a fava tinha o dever de pagar o próximo bolo-rei, já o brinde dava sorte a quem o encontrasse.

Por trás deste bolo existe uma simbologia com cerca de 2000 anos. A lenda diz que o bolo representa os presentes que os Reis Magos ofereceram ao Menino Jesus. A coroa simboliza o ouro, as frutas cristalizadas e secas são a mirra, e o aroma do bolo o incenso.

Esta tradição foi importada de França, da corte de Luis XIV, onde se fazia este bolo para as festas de Ano Novo e do dia de Reis. Ao Porto o Bolo-rei chegou em 1890 pela Confeitaria Cascais.

Outra sobremesa que um portuense não dispensa na consoada é a Aletria. Tem origem árabe e era feita com massa fina, leite de amêndoas e mel. É normalmente coberta com desenhos feitos em canela.

Também as Rabanadas são iguaria doce na casa dos portuenses, no natal. Na invicta é habitual embebedá-las com vinho do Porto. No sul chamam-se fatias douradas.
As primeiras receitas remontam a 1611. No início do séc.XX eram muito comuns em Madrid, sendo de lá que nos chegou a receita.

O Vinho do Porto é o néctar do natal portuense, e é sempre uma boa altura para beber, comprar e oferecer. Sem nunca esquecer a escolha dos melhores vinhos para pôr à mesa nestas festividades.

O sistema de alarme de incêndios na cidade do porto no século XIX
13 Novembro, 2020 / , ,

ACUDAM, SOCORRO, SOCORRO….

Maria das Dores Bernardes, filha do açougueiro Bernardo, gritava a plenos pulmões, que tinha a casa a arder e aflita pedia ajuda aos seus vizinhos que paredes meias, viviam com ela noutras casas de madeira na Ribeira do Porto.
Os vizinhos fizeram o que podiam acorrendo com baldes de água e pouco mais, pois nada mais havia a fazer…
Ouviam-se gritos de terror e choros de mulher, clamando pela intervenção divina…
Bastaram alguma horas, para que tudo ficasse destruído e os poucos bens consumidos pelo fogo.

Esta história de pura ficção, seria uma situação que terá seguramente ocorrido várias vezes nos primeiros anos do Século XIX na Cidade do Porto, onde um pequeno fogo criava o caos na cidade e não havia quem acudisse aos incêndios que consumiam as pequenas casas. Era preciso tomar medidas para que estes fogos não agravassem ainda mais a situação difícil de quem, com muito pouco, conseguia sobreviver e os incêndios eram o pior de todos os males.

Não havia bombeiros, nem carros de combate a incêndios, e na falta de luz eléctrica (só é inventada muitos anos depois), apenas as velas e as candeias iluminavam as casas à noite, potenciando o risco de incêndios, em particular nos núcleos urbanos mais fechados. O sobressalto era permanente e os riscos cada vez maiores, porque a população aumentava a olhos vistos – vinham do interior, do Minho e de todas as regiões do país à procura de melhores condições de vida que as novas indústrias da revolução industrial, vinham trazer a toda esta gente.
As pequenas casas ficavam cada vez com mais gente que lá dormia e o risco potenciado.

Era preciso fazer rapidamente alguma coisa…
E foi aí, que por acordo entre os representantes dos diferentes mestres da cidade, da Câmara Municipal e do Cabido, se procura uma solução inovadora para acalmar as populações e minorar os riscos de incêndio.
Eureka! Finalmente uma solução…Todos eram chamados a acudirem a um incêndio, fosse em que parte da cidade fosse – todos seriam voluntários.

Desenhou-se uma geringonça, um “aparelho” capaz de avisar toda a gente de que havia um incêndio para que todos pudessem acudir.

SISTEMA DE ALARME DE INCÊNDIO

Guardada dentro de uma caixa de ferro, uma alavanca puxava uma corda protegida dentro de um cano de ferro e que faria tocar o sino da Igreja bem lá no alto dando um número de toques no sino que anunciava o local de incêndio, e assim toda a população saberia para onde se deslocar para socorrer quem precisava de ajuda.
Criou-se um regulamento uniforme em toda a Cidade e consoante o número de vezes que o sino da Igreja tocasse, para esse lugar quem pudesse acudir se dirigiria.
Para isso foi criada uma tabela de número de badaladas que o sino tocaria, onde o incêndio ocorresse conforme os lugares. Assim, se o incêndio ocorresse na zona da Sé, o sino tocaria 4 badaladas e assim sucessivamente. Logo que o sino tocasse 3 vezes, o alarme sinalizava que a situação estava controlada e tudo poderia voltar à normalidade. Este sistema, foi então montado em várias Igrejas, nos anos 50, do século XIX localizadas em pontos estratégicos da Cidade e assim funcionou dando bons resultados.

Só anos mais tarde, em 1875 é fundada no Porto a Associação dos Bombeiros Voluntários por um grupo de pessoas influentes na Cidade, comerciantes e industriais que, preocupados com a salvaguarda dos seus bens, decidem por mãos à obra, e criar as melhores condições para que em caso de incêndio os bombeiros pudessem apagar os incêndios.
Assim, não admira que pessoas influentes na Cidade e com capacidade financeira para organizarem uma Associação de Bombeiros Voluntários tivesse sido essencial para pôr em marcha uma organização que defendesse todos daquele inimigo comum – O fogo!

Nomes como Alexandre Theodoro Glama, Hugo Kopke, Walter Kendall, Alexander Miller Fleming, foram fundamentais na concretização desta necessidade cada vez mais sentida no Porto, instalando a sua primeira Sede na Rua do Bonjardim.
Foram sendo construídas carretas especificas com bombas manuais de água que transportavam em barris e que podiam acalmar a ira das labaredas.
Para divulgação da actividade dos Bombeiros Voluntários, foi criada em 1876 a publicação “O Bombeiro Portuguez”, que era uma folha quinzenal, onde se dava conta da criação de outras máquinas e técnicas de combates e incêndios, além de outras notícias.

Sendo necessário aumentar o quadro de voluntários, foram colocados avisos em 1872, nas casas comerciais da Cidade, de recrutamento para que se disponibilizassem para esta nobre e altruísta função.
E aqui surge a inscrição como voluntário de um jovem de 19 anos, nascido no Brasil em 1850 de uma família abastada que se instala no Porto.
Guilherme Gomes Fernandes, de seu nome desenvolve uma notável evolução na criação de condições aos Bombeiros Voluntários do Porto até à sua morte em 1902 em Lisboa, no seguimento de uma septicémia após uma cirurgia.
É homenageado numa Praça que ostenta o seu nome (antiga Praça Santa Teresa), onde um busto guarda para sempre a sua memória.

Bem…
Quanto às “geringonças”, deixaram de ter razão de ser e de cumprir o seu papel, enferrujando-se e quase que se perderam para sempre, e digo quase, porque felizmente, algumas foram recuperadas recentemente e colocadas em funcionamento como na altura em que foram criadas, como por exemplo a que se encontra na fachada da Igreja de S. Lourenço na Sé, entre outros casos que apraz registar e continuar a proteger porque fazem já parte da história da Cidade.
Hoje já não desempenham o seu papel de alarme de incêndio, mas mantêm vivas as memórias da cidade que valem sempre a pena preservar.

Roteiro dos escritores, pelo Porto ( António Nobre )
13 Novembro, 2020 / ,

António Pereira Nobre poeta português, nasceu no porto a 16 de agosto de 1867, na Rua de Santa Catarina, 467-469. Filho de burgueses abastados, viveu a infância e a adolescência entre Leça da Palmeira, a Foz do Douro, a Póvoa de Varzim, a Lixa ou o Seixo.

Estudou em vários colégios da cidade invicta e frequentou os principais centros da boémia portuense. Começou a escrever muito cedo e publicou numerosos poemas em jornais e revistas. Os seus primeiros poemas datam dos 15 anos de idade.

Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, ficou desiludido com o ambiente académico e a vida universitária, e reprovou duas vezes.

Em 1890 foi para Paris, onde conheceu Eça de Queirós, e se licenciou em Ciências Políticas na Sorbonne, em 1895.

Foi na solidão de Paris, e a viver dificuldades financeiras, que escreveu muitos dos poemas da colectânea de poesia “Só”, a sua única obra publicada em vida – um dos grandes marcos da poesia portuguesa do século XIX, e uma referência obrigatória da Literatura Portuguesa, que influenciou grandes nomes do modernismo português como Fernando Pessoa ou Florbela Espanca.

Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de março de 1900, com apenas 32 anos de idade, na casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto.

Em pleno Jardim da Cordoaria, a 26 de Março de 1927, foi inaugurado um busto do poeta portuense, António Nobre, da autoria de Tomás Costa.

Num local solitário, vemos um bonito busto pequeno em bronze, que imortaliza o seu rosto, com o seu peculiar sorriso característico, sensível, delicado, triste e melancólico

Sobre uma espécie de altar, assenta num pedestal em mármore com ramos de flores, e uma lira alegórica à sua inspiração poética, o qual está sob uma base de granito, com três degraus.

Casa Museu Abel Salazar
13 Novembro, 2020 / , ,

Situada em S. Mamede Infesta, é uma construção dos fins do séc. XIX. Tem anexada uma capela setecentista, que serviu de oficina ao patrono. Foi nesta casa que decorreram os últimos anos de existência do cientista e professor português.

Na exposição permanente da casa, além da coleção de pintura, desenho e gravura, são encontrados utensílios e escritos científicos de Abel Salazar, assim como peças de mobiliário originais da casa.

A Casa-Museu restitui parte do ambiente familiar do patrono, mediante objetos pessoais e retratos, assim como testemunhos da atividade do pesquisador, pedagogo e divulgador de intervenções cívicas, através de cartas, manuscritos, provas tipográficas, jornais e revistas onde colaborou.

É também na casa que se encontra a biblioteca do médico e a biblioteca Alberto Saavedra, com um fundo documental especializado sobre a vida e obra de Abel Salazar.

No jardim, está o Pavilhão Calouste Gulbenkian, com uma programação regular de exposições com artistas contemporâneos.

Foram os amigos e admiradores de Abel Salazar que, após a sua morte, acharam que a maior homenagem que lhe podiam prestar era transformar a sua casa numa Fundação.

Várias foram as iniciativas que se realizaram para angariar fundos na tarefa de defesa e divulgação da Obra de Abel Salazar, incluindo a compra da casa para a transformação em museu. Mas só quase 11 anos depois, foi criada a “Sociedade Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar de S. Mamede Infesta”.

No entanto, as dificuldades continuaram e a Sociedade Divulgadora apela à Fundação Calouste Gulbenkian, que adquiriu, em 1965, toda a obra artística, literária e científica e o imóvel e terreno anexo à Casa-Museu.

Durante o período que pertenceu à Fundação Calouste Gulbenkian, a casa esteve encerrada ao público para obras de restauro, construção da casa do guarda e do pavilhão destinado a exposições periódicas.

Em 1975, a Fundação deixou de conseguir assumir os encargos da Casa e coloca a questão de a Casa-Museu ser doada à Universidade do Porto, que foi superiormente autorizada a aceitar a doação.

A Casa-Museu Abel Salazar, tutelada pela Universidade do Porto, é dirigida com o apoio de uma Associação Divulgadora, entidade de carácter cultural e considerada de Utilidade Pública. Centrada no valor humano, social e artístico do patrono, a Casa-Museu pretende estimular o interesse pela obra de Abel Salazar nos diversos ramos que cultivou, de ativar a publicação de estudos em torno das diferentes aptidões do cientista, de fomentar a colaboração com escolas e organismos culturais e recreativos, de completar o trabalho de inventariação e investigação do espólio literário tanto publicado como inédito, assumindo-se como centro de informação e de investigação insubstituível do artista e cientista Abel Salazar.

Abel Salazar
13 Novembro, 2020 / , ,

Abel de Lima Salazar foi, não só o médico e investigador científico, até hoje conhecido pelos seus feitos, mas também um escritor, crítico de arte, ensaísta e artista plástico. Apesar do seu nome estar incontornavelmente ligado ao Porto, foi Guimarães a cidade que o viu nascer a 19 de julho de 1889.

Aluno de excelência, Abel Salazar termina o curso de medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto apresentando a sua tese inaugural “Ensaio de Psicologia Filosófica” que acaba classificada com 20 valores.

Aos 30 anos, 3 anos depois de concluir os estudos, é nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, acabando por fundar e dirigir o Instituto de Histologia e Embriologia da universidade, ainda hoje em funcionamento.

O seu trabalho de investigação depressa foi reconhecido e divulgado, atingindo fama mundial, devido a inúmeras publicações de artigos em revistas científicas, portuguesas e estrangeiras.

Como investigador, contribuiu, nomeadamente, com trabalhos relativos à estrutura e evolução do ovário acabando por criar o agora célebre, e ainda utilizado, método de coloração tano-férrico de Salazar.

Contudo, o trabalho tão intenso que desenvolveu, mesmo em condições muito adversas, conduziu-o a um esgotamento e à interrupção desta actividade, por um período de quatro anos.

Acabaria, então, por se dedicar com afinco à elaboração e publicação de textos de cariz científico, ocupando-se também na prática artística de que foi notável representante, sobretudo na pintura, gravura e nos cobres martelados.

Este homem multifacetado, cujo lema era “O Médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe”, um dos maiores intelectuais portugueses da sua época, só em 1941, foi reintegrado na Universidade, no laboratório da Faculdade de Farmácia do Porto.

Morreu em 1946, em Lisboa, onde fazia tratamento a um cancro do pulmão. Tinha 57 anos e era um fumador compulsivo. O corpo foi trasladado para a cidade do Porto, onde foi depositado no Cemitério do Prado Repouso.

Tem, hoje em dia, o seu nome imortalizado através do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, o largo, onde se localiza o Hospital Santo António, Escolas Secundárias e a Casa-Museu Abel Salazar.

Associação Comercial do Porto – desde 1834
7 Outubro, 2020 / , ,

Embora tenha sido oficialmente fundada em dezembro de 1834, a Associação Comercial do Porto tem origem que remontam ao século XII, altura em que o comércio e os comerciantes, sobretudo nas zonas costeiras, vão ganhando mais poder.

Ao longo dos séculos, devido à sua localização privilegiada e ao espírito empreendedor das suas gentes, a cidade do Porto adquire grande relevância, tornando-se numa importante praça financeira na Europa e no mundo. É nesta fase que surge a Bolsa Comum, criada pelos mercadores para cobrir riscos e prejuízos do envio das suas encomendas. Esta Bolsa foi confirmada em 1295 por D. Dinis e em 1402 por D. João I.

No entanto, até 1834 não existia qualquer organização de comerciantes com personalidade jurídica e capaz de dar resposta às necessidades dos empresários locais. Nesta altura, as reuniões, troca e recolha de informações, negócios e leilões tinham lugar na Juntina, situada na então Rua dos Ingleses. Após a revolução liberal de 1822 e a promulgação do Código Comercial, a Juntina foi a base da constituição da Associação Comercial do Porto, que é atualmente segunda Câmara de Comércio e Indústria mais antiga em Portugal Continental.