Afirmar-se que o Porto é a cidade do trabalho – é uma imagem de marca, certamente adequada e justa, mas que não garante, por si só, que todos os do Porto amem o trabalho ou que não haja muitas outras terras que mereçam igual encómio.
Em todo o caso, tal fama traduz o reconhecimento externo de que as suas gentes são laboriosas e que ao longo da História se têm afirmado pelo trabalho, isto é, pelo negócio em contraposição ao ócio.
Todavia, o Porto não é apenas a cidade do trabalho.
A tradição portuguesa, corroborando opinião de eruditos oitocentistas e ocorrências históricas de’ projeção nacional, vai-lhe atribuindo o epíteto de terra da Liberdade, brasão mais antigo e mais nobre que o anterior e que, contrariamente a hipotéticas considerações sobre um paraíso perdido de fundo bíblico, não só não o desmente como até o complementa.
De facto, o trabalho sendo ou não consequência ou castigo da queda original, é condição de sucesso do homem comum.
Mas… trabalho sem liberdade é sempre escravidão.
Fonte: O Tripeiro 7ª série Ano XVI Número 6 e 7 Jun/Jul 1997
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