Cultura

O Porto em Miniatura
21 Novembro, 2024 / , , ,

“O Porto em Miniatura”, é uma exposição única que recria os monumentos mais emblemáticos da cidade do Porto, em escala reduzida.

Cada miniatura foi elaborada com um incrível nível de detalhe, proporcionando uma nova perspetiva sobre o património histórico da cidade.

São duas dezenas de maquetes: a Torre dos Clérigos, a Estação de São Bento, a Ponte Pênsil, o conjunto monumental da Sé, a Quinta do Viso, Cadeia da Relação e diversas Igrejas e Capelas, bem com lindíssimos quiosques e os castiços urinóis de antigamente.

Os materiais usados na construção são os mais variados, tal como madeira, corticite, cobre, latão e gesso, entre outros.

O Autor

Nascido no Porto, a 11 de agosto de 1923, Agostinho Conceição Gonçalves Teixeira deixou um legado notável como guardião da memória histórica e arquitetónica da sua cidade natal.

O seu percurso de vida, marcado pela dedicação ao trabalho e à cultura, reflete a história de um homem simples, mas com uma paixão singular.

Com uma precisão e um detalhe impressionantes, Agostinho Teixeira dedicou-se a criar miniaturas dos principais monumentos da cidade do Porto.

A sua coleção inclui cerca de 40 maquetes, entre as quais se destacam representações do antigo Palácio de Cristal.

A sua obra, inicialmente cedida à Fundação para o Desenvolvimento Social do Porto, foi exibida na Casa de Bonjóia com o objetivo de angariar fundos para fins sociais.

Em 2006, a coleção foi entregue a Francisco Almeida Lemos, que continua a preservá-la, assegurando que o legado de Agostinho Conceição Gonçalves Teixeira permaneça vivo.

 

As Pontes que já não existem…
4 Outubro, 2021 / ,

Durante muitos anos a travessia do rio de uma margem para a outra era feita com a ajuda de jangadas e barcas.

Só em 1369 foi inaugurado um passadiço formado por barcas, uma corrente de ferro que as unia e um estrado de madeira por onde as pessoas caminhavam.

Mas havia um grande inconveniente, sempre que os níveis da água do rio subiam devido às chuvas intensas, a ponte improvisada ficava destruída.

A Ponte das Barcas, um pouco mais sofisticada, foi construída com objectivos mais duradouros, foi projectada por Carlos Amarante e inaugurada a 15 de Agosto de 1806.

Esta foi considerada a primeira ponte que ligou Porto e Gaia.

Era feita com 20 barcas postas paralelamente, interligadas por cabos de aço, e que suportavam uma série de tábuas de madeira, com duas aberturas para o tráfego fluvial, para que os barcos que subiam e desciam o rio pudessem passar. Além disso, era uma ponte desmontável, assim, ela poderia adaptar-se conforme as correntes do Douro aumentavam ou diminuíam.

Esta inovação só chegou em 1806 mas teve o seu fim em 1809, a ideia durou pouco.

A 29 de Março de 1809, durante a Segunda Invasão Francesa de Napoleão, quando o exército do General Soult marchava pela cidade com a intenção de destruí-la, a população desesperada correu em direcção ao rio para atravessar para o lado de Gaia.

Com a quantidade de pessoas em pânico sobre a ponte, esta entrou em colapso. O alçapão central foi aberto e a ponte desfez-se.

Mais de 4000 de pessoas morreram.

Depois da tragédia da Ponte das Barcas, outra ponte tinha que ser construída.

Esta ponte foi construída em 1843 e foi nomeada como D. Maria II, mas popularmente ficou conhecida como Ponte Pênsil, pois como o próprio nome indica, ela foi construída no sistema de suspensão ou sustentado em ferro, que se eleva 10 metros acima do nível médio das águas, e que permitiu um vão de 170 metros,.

A Ponte Pênsil – oficialmente D. Maria II – é uma bela obra para a época, dos engenheiros Bigot e Mellet.

Essa foi a primeira obra fixa construída sob o Rio Douro, e ela ficou ativa durante cerca de 45 anos, até ser substituída pela Ponte Luiz I, que foi construída ao seu lado.

Foi inaugurada em 1842 e demolida em 1887 para dar lugar à ponte que homenageava o rei da altura: D. Luís I.

Ponte D. Maria Pia
4 Outubro, 2021 / , , ,

Foi projecto do Eng.Theophile Seyrig e inaugurada em Outubro de 1877.

Nela trabalharam 150 operários da Eiffel Constructions Métalliques, e foram usados 1.600.000 kg de ferro.

Foi a primeira construção a considerar os efeitos dos ventos da região, e apesar da complexidade da ponte não demorou sequer 2 anos a ser construída.

As dimensões da largura do rio e das escarpas envolventes, exigiu a construção do maior arco em ferro do mundo, com um vão de 160m, e um tabuleiro de 352m, a 61m de distância do nível médio das águas do rio. Foi uma construção no limite das possibilidades da construção metálica. Na época esta ponte foi uma obra de engenharia que deslumbrou portugueses e estrangeiros.

Marcou a chegada da via-férrea à cidade invicta, e a ligação entre o Porto e o sul a nível ferroviário era a sua função. Permitiu concluir a ligação ferroviária entre o Porto e Lisboa que, na altura, terminava na estação das Devesas em Vila Nova de Gaia. Teve um profundo impacto na economia da região, pois a cidade do Porto assumiu a posição de nó num conjunto de linhas férreas importantes e permitiu o reordenamento do tecido urbano em função da localização das estações.

A festa de inauguração no dia 4 de Novembro de 1877, foi de arromba, e foi presidida pelo rei D. Luís I e pela Rainha D. Maria Pia, que lhe deu o nome.

A multidão veio assistir ao memorável espectáculo, encheu as redondezas da “obra de arte”, acenando lenços à passagem ao primeiro comboio a atravessar a ponte, com 24 carruagens e cerca de 1200 pessoas a bordo.

A segurança da ponte foi largamente comprovada com a passagem de comboios por mais de 100 anos.
Está classificada como monumento nacional e é o único monumento português que faz parte da lista de grandes obras de engenharia da Sociedade Americana de Engenharia.

Com o aparecimento da nova Ponte de São João, a ponte D Maria Pia foi desactivada a 1 de Junho de 1991, e desde esse dia que aguardam pacientemente pelo futuro, sendo prioritária a recuperação desta obra de arte.

Roteiro dos escritores, pelo Porto ( Raul Brandão )
5 Abril, 2021 / ,

Nasceu no nº 12 da então Rua da Bela Vista, na Foz do Douro, a 12 de Março de 1867 –rua essa que mais tarde adoptou o nome do escritor – Raul Brandão.

Sendo descendente de pescadores, e a Foz a localidade onde passou a sua adolescência e mocidade, o mar foi um tema recorrente da sua obra, como no Os Pescadores.

Foi militar, jornalista e escritor português, famoso pelo realismo das suas descrições e pelo lirismo da linguagem.

Deixou uma extensa obra literária e jornalística que muito influenciou a literatura em língua portuguesa.
A sua obra influenciou tanto, que as Ilhas Açorianas são conhecidas por um código de cores que foi parte da sua obra “As ilhas desconhecidas”

Com Júlio Brandão, também autor, foi dramaturgo, redigindo Noite de Natal, que foi ao palco do Teatro Nacional D. Maria II em 1899.

Raul Germano Brandão foi um dos maiores marcos da literatura portuense. Faleceu aos 63 anos no dia 5 de Dezembro de 1930.

Recebeu diversas iniciativas honoríficas, tais como um monumento erguido em sua homenagem, no jardim do Passeio Alegre

O 150 aniversário do seu nascimento, foram celebrados com a publicação de três obras do escritor, uma delas com textos inéditos, último livro que Raul Brandão escreveu mas que nunca tinha sido editado.

Ponte Luíz I
5 Março, 2021 / ,

Um dos mais importantes e populares cartões-de-visita da cidade Invicta, é a ponte Luiz I.

Liga a ribeira do Porto ao cais de Vila Nova de Gaia, e todos portuenses a conhecem, e provavelmente a maioria já teve o privilégio de a atravessar no tabuleiro superior ou inferior.

Em 1879 começa a pensar-se na substituição da Ponte Pênsil que no fim descobriram que não era tão eficaz para a circulação do trânsito que crescia entre Porto e Gaia, e em 1881 começa então mas só 5 anos mais tarde foi inaugurada.

A ponte teve 2 momentos de inauguração: O tabuleiro superior foi inaugurado a 31 de Outubro de 1886, no dia de aniversário do rei D. Luiz; e o tabuleiro inferior só foi inaugurado só um ano mais tarde.

O autor da ponte foi Théophile Sevrig, um discípulo de Gustav Eiffel, e não pelo próprio autor da Torre Eiffel como muitos pensam.

Entre 1886 e 1944 quem queria passar a ponte tinha que pagar portagem, e este valor era pago por pessoa.
A circulação rodoviária do tabuleiro superior só foi proibida a partir de 2003, ano em que foi adoptado ao metro.

Esta ponte inovou na época ao possuir dois tabuleiros que consideravam duas cotas diferentes das cidades. O tabuleiro superior tem 395 metros de comprimento, e o inferior 174 metros.

Esta obra de arte, foi a ponte com o maior arco de ferro forjado do mundo, durante muitos anos – 172m. Apenas em 2017 foi ultrapassada por uma ponte Chinesa.

Em Dezembro de 2019, a Ponte Luiz I foi considerada uma das 15 pontes mais bonitas da Europa pela European Best Destinations, uma organização europeia de consumidores e especialistas que promove o turismo e a cultura na Europa, com sede em Bruxelas.

O nome da ponte é uma homenagem ao então rei Dom Luiz I, casado com Maria Pia, que já tinha dado o nome à ponte ferroviária.

Os portuenses anteciparam a cerimónia de inauguração para fazer coincidir com o aniversário do Rei, mas reza a história que o Rei não apareceu, o que ofendeu os tripeiros, que retiraram o título real à ponte, baptizando-a ponte apenas de “Luiz I”.

Ponte da Arrábida
1 Março, 2021 / , , ,

A Ponte da Arrábida constitui uma obra-prima da Engenharia de Pontes, sendo como tal reconhecida internacionalmente.

Aquando da sua conclusão, em 1963, constituía a ponte em arco de betão armado com maior vão em todo o mundo. É considerada uma obra-prima de Engenharia de Pontes. Tem 500 metros de comprimento, e fica a 70 metros do nível do rio.

É a primeira grande ponte sobre o rio Douro integralmente concebida, projectada e construída pela Engenharia Portuguesa. O seu autor assinou projectos de pontes nos quatro continentes – o Eng. Edgar Cardoso.

A sua construção durou 7 anos (entre 1956 e 1963) e ainda lá está a pequena casa de onde foi coordenada a construção da ponte. Actualmente é o restaurante Casa D’Oro

A Arrábida veio colmatar a necessidade de ligação por via rodoviária da cidade do Porto a Vila Nova de Gaia, tendo sido a segunda ponte a permitir essa passagem.
De entre as várias pontes do estuário do rio Douro, a Ponte da Arrábida é a ponte mais próxima da foz.

Esta ponte também foi concebida para permitir a circulação de peões e, por isso, foram instalados quatro elevadores, dois de cada lado, que tinham capacidade para cerca de 25 pessoas. Deixaram de funcionar por questões de segurança.

É um dos mais poderosos, se não o mais poderoso, símbolo da Cidade, provavelmente aquele que no futuro melhor simbolizará o Porto do século XX.

Constitui Património no sentido mais nobre do termo. E é onde se descobrem novas e belas perspectivas portuenses frequentemente.

Foi classificada como Monumento Nacional no ano do seu 50º aniversário, em 2013.

 

Sabia que?  

As visitas ao arco da Ponte da Arrábida começaram em 2016, sendo este o único arco de uma ponte que pode ser visitado na Europa – 262 são os degraus que se tem de subir para o visitar.

 

As esculturas do Jardim de S. Lázaro
20 Janeiro, 2021 / , ,

Nas proximidades da Escola Superior de Belas Artes do Porto, espalhadas pelo Jardim de São Lázaro, há um conjunto de esculturas que não deve deixar de ver.

Estátua de de Barata Feyo

António Carvalho da Silva foi um pintor português que mais tarde adoptou, como apelido, o nome da sua cidade natal, ficando assim a ser conhecido como Silva Porto.

Estudou na Academia Portuense de Belas-Artes, estagiou em Paris e em Itália, e em 1879 regressou a Portugal.

Entre outros, recebeu a medalha de ouro da Exposição Industrial Portuguesa de 1884 e a primeira medalha do Grémio Artístico.

O busto de bronze é da autoria de Barata Feyo, um escultor e professor, que teve uma importante acção pedagógica enquanto professor da Escola de Belas-Artes do Porto.
Foi figura maior da segunda geração de escultores modernistas portugueses, do sec XX e esculpiu este busto em 1950,

Escultura Ternura de Henrique Moreira

A escultura Ternura está ao centro do jardim, e relembra os portugueses mortos na Grande Guerra de 1914-18.

Henrique Moreira formou-se na Academia Portuense de Belas-Artes.
Deixou-nos vastas obras notáveis, como a Floreira decorativa da Avenida dos Aliados A sua obra tem uma expressividade naturalista, e a tendência da Art Déco.

Escultura o Torso de João Cutileiro

João Cutileiro frequentou os estúdio de Jorge Barradas e de António Duarte como voluntário e foi com este ultimo que pela primeira vez teve contacto com a pedra.
Apresentou a sua primeira exposição individual em 1951, com apenas 14 anos.
Frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, e da Slade School of Art em Londres.
As temáticas que abordava eram o amor, o desejo e a plenitude do ser, cuja revelação no domínio da natureza é celebrado com respeito e simplicidade.

Marques de Oliveira de Soares dos Reis

Pintor naturalista e crítico de arte, Marques de Oliveira, nasceu na cidade do Porto em 1853.
Na Academia Portuense de Belas-Artes, destacava-se como um dos melhores alunos no curso de Pintura Histórica.

Após uma breve passagem por Itália, regressou ao Porto. Teve uma carreira de ensino notável e introduz a pintura ao ar livre em Portugal com o desenho como base de todas as obras. A sua longa carreira de ensino foi considerada notável, e levou os alunos ao contacto directo com a natureza.

Em 1929, dois anos após a sua morte, o Porto prestou-lhe homenagem, inaugurando um monumento em sua honra da autoria do seu amigo e conterrâneo escultor naturalista Soares dos Reis, no Jardim de São Lázaro.

O porte altivo do grande paisagista é suportado por um busto de dimensões alongadas. A estrutura rectilínea e triangulada do rosto com pequenos toques angulosos e impressivos no cabelo, barba e sobrancelhas.

O sistema de alarme de incêndios na cidade do porto no século XIX
13 Novembro, 2020 / , ,

ACUDAM, SOCORRO, SOCORRO….

Maria das Dores Bernardes, filha do açougueiro Bernardo, gritava a plenos pulmões, que tinha a casa a arder e aflita pedia ajuda aos seus vizinhos que paredes meias, viviam com ela noutras casas de madeira na Ribeira do Porto.
Os vizinhos fizeram o que podiam acorrendo com baldes de água e pouco mais, pois nada mais havia a fazer…
Ouviam-se gritos de terror e choros de mulher, clamando pela intervenção divina…
Bastaram alguma horas, para que tudo ficasse destruído e os poucos bens consumidos pelo fogo.

Esta história de pura ficção, seria uma situação que terá seguramente ocorrido várias vezes nos primeiros anos do Século XIX na Cidade do Porto, onde um pequeno fogo criava o caos na cidade e não havia quem acudisse aos incêndios que consumiam as pequenas casas. Era preciso tomar medidas para que estes fogos não agravassem ainda mais a situação difícil de quem, com muito pouco, conseguia sobreviver e os incêndios eram o pior de todos os males.

Não havia bombeiros, nem carros de combate a incêndios, e na falta de luz eléctrica (só é inventada muitos anos depois), apenas as velas e as candeias iluminavam as casas à noite, potenciando o risco de incêndios, em particular nos núcleos urbanos mais fechados. O sobressalto era permanente e os riscos cada vez maiores, porque a população aumentava a olhos vistos – vinham do interior, do Minho e de todas as regiões do país à procura de melhores condições de vida que as novas indústrias da revolução industrial, vinham trazer a toda esta gente.
As pequenas casas ficavam cada vez com mais gente que lá dormia e o risco potenciado.

Era preciso fazer rapidamente alguma coisa…
E foi aí, que por acordo entre os representantes dos diferentes mestres da cidade, da Câmara Municipal e do Cabido, se procura uma solução inovadora para acalmar as populações e minorar os riscos de incêndio.
Eureka! Finalmente uma solução…Todos eram chamados a acudirem a um incêndio, fosse em que parte da cidade fosse – todos seriam voluntários.

Desenhou-se uma geringonça, um “aparelho” capaz de avisar toda a gente de que havia um incêndio para que todos pudessem acudir.

SISTEMA DE ALARME DE INCÊNDIO

Guardada dentro de uma caixa de ferro, uma alavanca puxava uma corda protegida dentro de um cano de ferro e que faria tocar o sino da Igreja bem lá no alto dando um número de toques no sino que anunciava o local de incêndio, e assim toda a população saberia para onde se deslocar para socorrer quem precisava de ajuda.
Criou-se um regulamento uniforme em toda a Cidade e consoante o número de vezes que o sino da Igreja tocasse, para esse lugar quem pudesse acudir se dirigiria.
Para isso foi criada uma tabela de número de badaladas que o sino tocaria, onde o incêndio ocorresse conforme os lugares. Assim, se o incêndio ocorresse na zona da Sé, o sino tocaria 4 badaladas e assim sucessivamente. Logo que o sino tocasse 3 vezes, o alarme sinalizava que a situação estava controlada e tudo poderia voltar à normalidade. Este sistema, foi então montado em várias Igrejas, nos anos 50, do século XIX localizadas em pontos estratégicos da Cidade e assim funcionou dando bons resultados.

Só anos mais tarde, em 1875 é fundada no Porto a Associação dos Bombeiros Voluntários por um grupo de pessoas influentes na Cidade, comerciantes e industriais que, preocupados com a salvaguarda dos seus bens, decidem por mãos à obra, e criar as melhores condições para que em caso de incêndio os bombeiros pudessem apagar os incêndios.
Assim, não admira que pessoas influentes na Cidade e com capacidade financeira para organizarem uma Associação de Bombeiros Voluntários tivesse sido essencial para pôr em marcha uma organização que defendesse todos daquele inimigo comum – O fogo!

Nomes como Alexandre Theodoro Glama, Hugo Kopke, Walter Kendall, Alexander Miller Fleming, foram fundamentais na concretização desta necessidade cada vez mais sentida no Porto, instalando a sua primeira Sede na Rua do Bonjardim.
Foram sendo construídas carretas especificas com bombas manuais de água que transportavam em barris e que podiam acalmar a ira das labaredas.
Para divulgação da actividade dos Bombeiros Voluntários, foi criada em 1876 a publicação “O Bombeiro Portuguez”, que era uma folha quinzenal, onde se dava conta da criação de outras máquinas e técnicas de combates e incêndios, além de outras notícias.

Sendo necessário aumentar o quadro de voluntários, foram colocados avisos em 1872, nas casas comerciais da Cidade, de recrutamento para que se disponibilizassem para esta nobre e altruísta função.
E aqui surge a inscrição como voluntário de um jovem de 19 anos, nascido no Brasil em 1850 de uma família abastada que se instala no Porto.
Guilherme Gomes Fernandes, de seu nome desenvolve uma notável evolução na criação de condições aos Bombeiros Voluntários do Porto até à sua morte em 1902 em Lisboa, no seguimento de uma septicémia após uma cirurgia.
É homenageado numa Praça que ostenta o seu nome (antiga Praça Santa Teresa), onde um busto guarda para sempre a sua memória.

Bem…
Quanto às “geringonças”, deixaram de ter razão de ser e de cumprir o seu papel, enferrujando-se e quase que se perderam para sempre, e digo quase, porque felizmente, algumas foram recuperadas recentemente e colocadas em funcionamento como na altura em que foram criadas, como por exemplo a que se encontra na fachada da Igreja de S. Lourenço na Sé, entre outros casos que apraz registar e continuar a proteger porque fazem já parte da história da Cidade.
Hoje já não desempenham o seu papel de alarme de incêndio, mas mantêm vivas as memórias da cidade que valem sempre a pena preservar.

Roteiro dos escritores, pelo Porto ( António Nobre )
13 Novembro, 2020 / ,

António Pereira Nobre poeta português, nasceu no porto a 16 de agosto de 1867, na Rua de Santa Catarina, 467-469. Filho de burgueses abastados, viveu a infância e a adolescência entre Leça da Palmeira, a Foz do Douro, a Póvoa de Varzim, a Lixa ou o Seixo.

Estudou em vários colégios da cidade invicta e frequentou os principais centros da boémia portuense. Começou a escrever muito cedo e publicou numerosos poemas em jornais e revistas. Os seus primeiros poemas datam dos 15 anos de idade.

Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, ficou desiludido com o ambiente académico e a vida universitária, e reprovou duas vezes.

Em 1890 foi para Paris, onde conheceu Eça de Queirós, e se licenciou em Ciências Políticas na Sorbonne, em 1895.

Foi na solidão de Paris, e a viver dificuldades financeiras, que escreveu muitos dos poemas da colectânea de poesia “Só”, a sua única obra publicada em vida – um dos grandes marcos da poesia portuguesa do século XIX, e uma referência obrigatória da Literatura Portuguesa, que influenciou grandes nomes do modernismo português como Fernando Pessoa ou Florbela Espanca.

Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de março de 1900, com apenas 32 anos de idade, na casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto.

Em pleno Jardim da Cordoaria, a 26 de Março de 1927, foi inaugurado um busto do poeta portuense, António Nobre, da autoria de Tomás Costa.

Num local solitário, vemos um bonito busto pequeno em bronze, que imortaliza o seu rosto, com o seu peculiar sorriso característico, sensível, delicado, triste e melancólico

Sobre uma espécie de altar, assenta num pedestal em mármore com ramos de flores, e uma lira alegórica à sua inspiração poética, o qual está sob uma base de granito, com três degraus.

Casa Museu Abel Salazar
13 Novembro, 2020 / , ,

Situada em S. Mamede Infesta, é uma construção dos fins do séc. XIX. Tem anexada uma capela setecentista, que serviu de oficina ao patrono. Foi nesta casa que decorreram os últimos anos de existência do cientista e professor português.

Na exposição permanente da casa, além da coleção de pintura, desenho e gravura, são encontrados utensílios e escritos científicos de Abel Salazar, assim como peças de mobiliário originais da casa.

A Casa-Museu restitui parte do ambiente familiar do patrono, mediante objetos pessoais e retratos, assim como testemunhos da atividade do pesquisador, pedagogo e divulgador de intervenções cívicas, através de cartas, manuscritos, provas tipográficas, jornais e revistas onde colaborou.

É também na casa que se encontra a biblioteca do médico e a biblioteca Alberto Saavedra, com um fundo documental especializado sobre a vida e obra de Abel Salazar.

No jardim, está o Pavilhão Calouste Gulbenkian, com uma programação regular de exposições com artistas contemporâneos.

Foram os amigos e admiradores de Abel Salazar que, após a sua morte, acharam que a maior homenagem que lhe podiam prestar era transformar a sua casa numa Fundação.

Várias foram as iniciativas que se realizaram para angariar fundos na tarefa de defesa e divulgação da Obra de Abel Salazar, incluindo a compra da casa para a transformação em museu. Mas só quase 11 anos depois, foi criada a “Sociedade Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar de S. Mamede Infesta”.

No entanto, as dificuldades continuaram e a Sociedade Divulgadora apela à Fundação Calouste Gulbenkian, que adquiriu, em 1965, toda a obra artística, literária e científica e o imóvel e terreno anexo à Casa-Museu.

Durante o período que pertenceu à Fundação Calouste Gulbenkian, a casa esteve encerrada ao público para obras de restauro, construção da casa do guarda e do pavilhão destinado a exposições periódicas.

Em 1975, a Fundação deixou de conseguir assumir os encargos da Casa e coloca a questão de a Casa-Museu ser doada à Universidade do Porto, que foi superiormente autorizada a aceitar a doação.

A Casa-Museu Abel Salazar, tutelada pela Universidade do Porto, é dirigida com o apoio de uma Associação Divulgadora, entidade de carácter cultural e considerada de Utilidade Pública. Centrada no valor humano, social e artístico do patrono, a Casa-Museu pretende estimular o interesse pela obra de Abel Salazar nos diversos ramos que cultivou, de ativar a publicação de estudos em torno das diferentes aptidões do cientista, de fomentar a colaboração com escolas e organismos culturais e recreativos, de completar o trabalho de inventariação e investigação do espólio literário tanto publicado como inédito, assumindo-se como centro de informação e de investigação insubstituível do artista e cientista Abel Salazar.