Destaque

Presépios
23 Dezembro, 2019 / , ,

Joaquim Machado de Castro (Coimbra, 1731 – 1822) foi um dos mais relevantes escultores portugueses de renome, tendo igualmente sido um dos que tiveram maior influência na Europa do século XVIII e princípio do século XIX. Foram vários os Presépios de Natal que produziu, tanto que o mais antigo Presépio da cidade do Porto, que remonta ao séc. XVIII, é da sua autoria, sendo possível visitá-lo na Igreja de São José das Taipas. Mas, também, na Igreja de Corpo Santo de Massarelos é possível ver mais um dos seus belos Presépios, sendo que a sua obra se espalha pelo país.

São Gonçalo de Amarante
16 Dezembro, 2019 / , ,

A Igreja, o Convento e a Ponte de São Gonçalo, são o “ex libris” da cidade de Amarante, indissociáveis da figura que lhes dá o nome. A miríade de lendas e crenças, que gravitam em torno deste local, esbatem a realidade numa encruzilhada de tal nebulosidade, que nos atira para a impossibilidade de discernir com rigor onde acabam umas e começa a outra. “Gonçalo foi Santo, e admirável Santo, na primeira idade de menino; santo, e admirável, na segunda de mancebo; santo, e admirável na terceira de varão; santo, e admirável na quarta de velho; e finalmente Santo, e admirável, na quinta, depois de morto” (excerto de sermão do Padre António Vieira no Brasil).

São Gonçalo de Amarante, nasceu por volta de 1190, na freguesia de S. Salvador de Tagilde, no concelho de Vizela, no seio de uma família nobre (os Pereiras). Sob a proteção do arcebispo da Arquidiocese de Braga, Gonçalo cursou as disciplinas eclesiásticas na escola-catedral da Sé arquiepiscopal, vindo a ser ordenado sacerdote e nomeado pároco da freguesia de S. Paio (ou S. Pelágio) de Riba-Vizela. Parte em peregrinação primeiro a Roma donde passou a Jerusalém, onde se demorou 14 anos, deixando os paroquianos ao cuidado dum sobrinho sacerdote. De regresso a Portugal, é escorraçado pelo mesmo que mediante uma trama teria sido nomeado como pároco da freguesia. Resignado, deixa S. Paio de Riba-Vizela, ingressa na vida conventual da Ordem dos Pregadores, recentemente fundada por S. Domingos, construindo uma pequena ermida que dedicou a Nossa Senhora da Assunção, nas margens do rio Tâmega. no local onde hoje se ergue a Igreja e Convento de São Gonçalo, em Amarante. O processo de beatificação foi promulgado em 16 de setembro de 1561. A devoção ao santo mais popular dos santos portugueses, depois de Santo António de Lisboa, espalhou-se por Portugal e Brasil. Em 1540 João III de Portugal e D. Catarina de Áustria, deliberaram a construção de um novo templo e convento dominicano no local, sob a invocação de Gonçalo de Amarante. As obras iniciaram-se em 1543, tendo-se prolongado até ao século XVIII, com intervenções no século XX.

São Gonçalo, no sec. XIII, inicia a construção de uma travessia entre as duas margens (é durante este período que surge uma imensidade de lendas). A ponte desmoronou-se no século XVIII devido às cheias, tendo sido recuperada posteriormente. A famosa defesa da Ponte de Amarante ocorreu em 1809 e foi um dos momentos mais marcantes das segundas invasões francesas. A heroica defesa da ponte, como ficou conhecido o episódio, aconteceu já após as tropas francesas terem ocupado a Igreja de São Gonçalo, tendo sido impedidas de atravessar o Tâmega. Passaram-se mais de 200 anos, mas as marcas de bala de canhão e mosquete ainda perduram na fachada do edifício.

 

 

Estação de Campanhã
7 Novembro, 2019 / ,

“O silvo dos comboios, o seu matraquear sobre a ponte além do monte fronteiro, diziam-lhe as horas, denunciavam-lhe a direcção do vento e o tempo provável para o amanhã”. É assim que a nossa Agustína se refere a esse pulsante ruído quando o comboio rasga a cidade. Vivia-se aquela paz podre de fim de século. Estancadas as feridas da nação, degladiada por sucessivas guerras civis, a modernização era o desígnio e o caminho-de-ferro um dos seus principais símbolos. A Estação de Campanhã foi inaugurada a 5 de Novembro de 1877, juntamente com a Ponte Maria Pia. Era o produto final de uma série de obras no local da antiga Quinta do Pinheiro. Foi um dos motores do êxodo rural que viria a suceder-se com a fixação em Campanhã de uma larga massa de gente provida do interior do país e que viria a povoar a freguesia.

Do comboio ao autocarro, do autocarro ao metro, a Estação de Campanhã encontra o futuro da intermodalidade num Porto que se vai convertendo numa cidade inteligente. De traçado neoclássico, viria a ser alvo de mudanças ao longo do século XX, culminando no actual terminal, que supera em muito a área da velha estação, nesta pacata convivência entre o novo e o velho, marca cada vez mais firmada da invicta cidade. E eis-nos revivendo as palavras de Ramalho: “apeamo-nos finalmente na estação de Campanhã.”

 

 

Igreja de São Francisco de Assis
7 Outubro, 2019 / , ,

A construção da Igreja de São Francisco de Assis começou no século XIV, durante o reinado de D. Fernando, no local onde já existia um templo modesto pertencente à Ordem dos Franciscanos, que se tinha estabelecido na cidade do Porto em 1223.

Com uma estrutura que obedece às regras do estilo gótico mendicante, ou seja, uma igreja de três naves, transepto saliente e cabeceira tripartida, com a capela-mor num plano mais profundo, a Igreja de São Francisco de Assis é o principal templo de estilo gótico da cidade do Porto.

No século XVI, João de Castilho projetou a Capela de São João Batista, mas foi no decorrer do século XVII que este templo adquiriu o esplendor barroco, estilo que é preservado até aos dias de hoje através do seu interior coberto de ouro.

A exuberância de dourado fez com que o Conde de Raczyński se referisse à Igreja de São Francisco de Assis como a “a igreja de oiro”. Acredita-se que a revestir as três naves da igreja estejam cerca de 300 quilogramas de pó de ouro. Esta abundância de ouro chegou a fazer com que a igreja fosse fechada ao culto por ser muito ostentosa para a pobreza que a rodeava.

No retábulo da capela-mor, poderá encontrar uma das maiores atrações deste templo: a Árvore de Jessé, uma escultura de madeira policromada, que é considerada uma das melhores do mundo dentro do género.

Outra das grandes atrações da Igreja de São Francisco de Assis é o Cemitério Catacumbal, onde estão as sepulturas de irmãos da Ordem dos Franciscanos, assim como algumas das famílias nobres da cidade.

Para além das sepulturas, é possível ver ainda um ossário com milhares de ossos humanos através de um vidro colocado no chão.

A Igreja de São Francisco de Assis é classificada como Monumento Nacional desde 1910 e como Património Cultural da Humanidade da UNESCO desde 1996.

Desfile de trajes de papel está de volta à Foz do Douro
7 Agosto, 2019 / , ,

Há quase dois mil anos atrás, São Bartolomeu morreu esfolado na Turquia e hoje inspira uma curiosa festividade celebrada anualmente, em Agosto, na cidade do Porto.

As festas de São Bartolomeu são um dos eventos mais esperados da cidade, com atividades gastronómicas, animação e espetáculos musicais garantidos até ao início de setembro.
A tradição remonta ao século XVI, quando as populações locais tomavam banhos na expectativa de curar doenças como a gaguez, a gota ou a epilepsia.
Oficialmente, as festas de São Bartolomeu existem desde o século XIX.

As festividades em honra de São Bartolomeu têm como ponto alto o Cortejo do Traje de Papel. Com muito trabalho e meses de preparação, folhas coloridas de papel transformam-se em
autênticos fatos e adereços que enchem as ruas do Porto de cor e alegria.
O desfile termina, como é habitual, com um mergulho nas águas do Atlântico. Manda a tradição que o ritual “banho santo” inclua sempre sete mergulhos. Só assim os participantes poderão agradecer os favores de São Bartolomeu e esperar amplos benefícios de cura e proteção proporcionados pelo santo para o ano seguinte.
O desfile realiza-se já no próximo dia 25 de agosto e o tema da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde será uma Homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen no seu Centenário.
Este é um dos eventos mais originais da cidade e do país, e uma tradição única no mundo que, ano após ano, atrai um número crescente de participantes, tanto nacionais como internacionais


Miguel Veiga – Um ilustre portuense
29 Junho, 2019 / , ,

Miguel Luís Kolback da Veiga nasceu no Porto a 30 de Junho de 1936, cidade onde faleceu em 14 de Novembro de 2016.

Ilustre advogado portuense, Miguel Veiga era célebre pela esmerada produção, quase literária, das suas peças processuais e pela forma brilhante como se apresentava em juízo.

Desde cedo integrou movimentos académicos de oposição ao regime de Salazar, o que o impediu anos mais tarde de ser admitido como docente universitário.

Depois da revolução de Abril, logo em Maio de 1974, é responsável, ao lado de Francisco Sá Carneiro, Magalhães Mota e Francisco Pinto Balsemão, pela fundação do Partido Popular Democrático, hoje Partido Social Democrata, do qual fez parte até à data da sua morte e do qual foi um dos seus membros mais brilhantes, mesmo quando para frontalmente discordar do rumo traçado. Por isso, contra as indicações do seu partido, foi apoiante de Mário Soares na sua primeira candidatura a Presidente da República e, mais recentemente, de Rui Moreira, atual presidente da Câmara Municipal do Porto.

Apesar de solicitado para tal, nunca exerceu funções governativas. Dizia, em resposta aos convites recebidos para tal, “não querer perder a sua liberdade nem deixar o Porto”, cidade da sua paixão.

Ao lado do seu trabalho, da intervenção cívica e política de elevado nível, Miguel Veiga era ainda um amante das artes, da literatura à pintura, do cinema à escultura, aí recolhendo contributos que muitas vezes ilustravam as suas intervenções públicas.

O nome de Miguel Veiga é importante para a história da democracia portuguesa, da busca e afirmação dos valores da liberdade e da justiça, da frontalidade, independência e firmeza de carácter que é tão apanágio dos homens bons do Porto.

Miguel Veiga foi ainda autor de vários ensaios jurídicos e culturais, e uma voz presente na imprensa escrita onde ao longo da vida muito colaborou.

É Grande Oficial da Ordem da Liberdade e recebeu a medalha de Honra da Cidade, a mais alta distinção do Porto.

São João – A noite mais longa!
21 Junho, 2019 / , ,

Se estiver no Porto na noite de 23 para 24 de Junho, seja bem vindo ao São João!

Com origens na celebração pagã do solstício de verão, o feriado municipal da cidade (dia 24) é hoje uma festa católica que assinala o nascimento de São João Baptista.  Apesar de não ser o santo padroeiro da cidade (responsabilidade que cabe a Nossa Senhora da Vandoma), o São João é a maior e mais popular festa que o Porto acolhe. Na noite de 23 toda a cidade sai à rua (por isso prepare-se para banhos de multidão em todo o lado) numa explosão de alegria, música, animação e cor que só termina com o raiar do dia.

Para viver em pleno esta noite, eis o que precisa saber:

– durante a tarde, compre um martelo de plástico ou um alho-porro – vai precisar deles para bater na cabeça de todo e qualquer desconhecido que passar por si. Acredite!

– delicie-se com as cascatas sanjoaninas – há-as maravilhosas por toda a cidade – uma espécie de presépio das artes e ofícios, mas em versão São João;

– um manjerico não se cheira, não lhe enfie o nariz (toque-lhe com a mão e sinta depois nela o aroma)!

– não falhe isto por nada – calce os seus sapatos mais confortáveis, vista roupa prática e não dispense um agasalho para a noite – vai andar muuuuuuito, mas mesmo muito, a pé por toda a cidade, da baixa até à foz (e vai demorar muito a fazer trajectos pequenos porque está toda a gente na rua!) e as orvalhadas de São João não são um mito!

– antes da meia-noite, escolha um local privilegiado para assistir ao fogo-de-artifício junto ao rio e à Ponte D. Luís;

– ao longo da noite, vá petiscando uma bela sardinha assada com broa (não há como escapar – a cidade inteira cheira a sardinha assada) e saltando de bailarico em bailarico, de arraial em arraial – há-os por toda a cidade, sendo os mais tradicionais os das Fontaínhas, Miragaia e Massarelos;

– coma bem (uma bifana e um caldo verde também são obrigatórios!), ou não vai aguentar os copos que vão ser garantidamente muitos!

– não se assuste que não é uma invasão marciana no céu do Porto  – são pequenos balões de ar quente em papel que são lançados ao céu – consegue comprá-los em mercearias, quiosques, lojas chinesas…

– para os mais corajosos, diz a tradição que a noite deve terminar na praia, e de preferência com um mergulho no mar. Por isso, atreva-se!

– no dia 24, para curar o cansaço (e a ressaca!), aproveite para descansar à beira-rio e acompanhar a regata de barcos rabelos (as embarcações tradicionais que desciam o Douro com as pipas de vinha do Porto).

Importante mesmo, é que se divirta!

Bom São João!!!

 

 

 

Igreja de S. João Novo
22 Maio, 2019 / , ,

Construída na escarpa que desce até ao Douro, num local designado de “Boa Vista”, encontra-se um dos edifícios religiosos mais significativos do centro histórico do Porto. A Igreja de S. João Novo foi construída em meados do século XVI e apresenta grandes semelhanças artísticas e arquitectónicas com a Igreja de S. Lourenço.

O edifício, com planta de cruz latina, foi construído um pouco acima da antiga ermida de S. João Belmonte. A construção aproveitou, ainda, a muralha, na qual ancorou a construção da igreja e respetivo mosteiro. No exterior, é possível observar partes da muralha e acompanhar o seu percurso. Já no interior da igreja, encontram-se vários altares de talha, do período barroco (século XVII) e azulejos da mesma época.

No altar-mor, enriquecido com retábulo, datado do período entre 1757 e 1766, encontra-se uma tela móvel reservada ao tema da Visão de Santo Agostinho. A obra é atribuída a João Glama Stroberle, pintor de origem alemã, que nasceu em Lisboa, no ano de 1708. No mesmo altar-mor é também possível observar um mausóleo que capta a atenção de qualquer um, pela sua magnífica decoração – o autor da obra é desconhecido.

O Coro Alto da igreja é composto por um cadeiral de uma só fila e do lado do Evangelho encontra-se um órgão de tubos. Destaque ainda para os azulejos alusivos à vida de Santa Rita de Cássia, da autoria de Bartolomeu Antunes, localizados no altar lateral de Santa Rita, a imagem de Santo Ovídeo e a imagem de Nossa Senhora da Guia, da autoria de Manuel Mirada, situada no altar colateral. Também de grande interesse é o altar do Senhor dos Passos, localizado no lado direito; a imagem da invocação de Jesus Cristo é de grandes dimensões e apresenta traços, profundamente, realistas.  Desta igreja saía a procissão do Senhor dos Passos, muito provavelmente seria a imagem que se encontra neste altar lateral que saía em procissão.

Em frente à igreja encontra-se o Palácio de S. João Novo, construído em finais do século XVIII, de estilo barroco e que muitos atribuem a Nicolau Nasoni. Embora se encontre encerrado há mais de uma década, o Palácio serviu de hospital durante o Cerco do Porto, nas Guerras Liberais e, mais tarde, de Museu de Etnografia.

Para além das semelhanças com a igreja do antigo Colégio Jesuítico de S. Lourenço, a Igreja de S. João Novo revela também a influência da Igreja dos Grilos, pela composição da fachada e pelo ordenamento interior.

O edifício está apto para pessoas com limitações físicas e embora esteja encerrada aos domingos, é possível visitar a Igreja de S. João Novo de segunda a sábado, gratuitamente.

Este ano, a Igreja de S. João Novo é um dos espaços da cidade do Porto que integra a programação do In Spiritum – o festival propõe a descoberta do património histórico através da música.

Na nossa cidade do Porto
29 Março, 2019 / , , ,

Na nossa cidade do Porto, burgo da maior ancestralidade, o desvendar das suas origens e a compreensão da sua malha urbana é, naturalmente, um extenso e interminável programa. O século XX dar-nos-ia um dos mais representativo e consistente cronista e investigador da história da cidade.

A 5 de Março de 1894 nasceria Artur de Magalhães Basto no número 556 da então denominada Rua Duquesa de Bragança, numa distinta e bem delineada moradia mandada construir por seu pai António José de Magalhães Basto, cerca de 1875, ao então arquitecto e professor da Academia Portuense de Belas Artes José Geraldo da Silva Sardinha.

A sua formação em Direito na Universidade lisboeta de pouco lhe iria servir no futuro, pois desde muito jovem o seu rumo em direcção à investigação e paleografia se iria declarar, nomeadamente com a sua carreira docente integrando ele a primeira faculdade de Letras da cidade, onde leccionaria entre 1922 e 1931. Para a Câmara Municipal do Porto de que fará parte até à sua morte, a 3 de Junho de 1960, chefiará, desde 1934, os Serviços de Paleografia e Manuscritos da biblioteca; desde 1938 será Director do Gabinete de História da Cidade e assumirá o cargo de chefe dos serviços culturais, também até 1960. Foi ainda Director do Arquivo Distrital do Porto, desde 1939, bem como chefe do grande Cartório da Santa Casa da Misericórdia do Porto, desde 1933.

Mas é como cronista da cidade que mais se vai destacar Magalhães Basto: da sua escrita jorrarão os mais diversos temas de história e da arte ligados sempre à cidade de que daremos apenas alguns exemplos: os indispensáveis ”Falam Velhos Manuscritos”, 1445 artigos semanais no jornal portuense O 1º de Janeiro” entre 1930 e 1960; e os seus fundamentais artigos na revista de História da cidade “ O Tripeiro”, da qual viria a ser director entre 1945 e 1960.Algumas das suas 160 obras publicadas são transcrições de conferências, uma das suas especialidades, quanto a nós digna de referência especial, pela urgência e estilo com que fazia chegar a todos, sem discriminação, de uma forma muito simples e directa, a sua narrativa histórica e os seus estudos sobre a Nossa Cidade do Porto. Aliás estas conferências seriam como que uma forma de contrariar o silêncio, a solidão da Poeira dos arquivos, sua natural rotina, como tão bem referiria num texto de Fevereiro de 1960:”- Como deve ser maçador passar uma vida, ou mesmo que seja um ano, um dia, ou até uma única hora, encafuado sozinho num arquivo a folhear, a ler, a decifrar papelada velha, amarrotada, amarelecida pelo tempo, roída dos ratos, picada da traça e a cheirar a bafio!”.
O nosso querido e liustre investigador morreria na sua última residência, no Porto, no nº 500 da rua de Gondarém, arriscando nós rematar com uma digna nota deixada pelo professor Luís Duarte no catálogo da exposição que ao mestre seria dedicada em 2005 na Galeria do Palácio :”percebemos que na história da nossa terra, houve um antes e um depois do magistério e do trabalho de Artur de Magalhães Basto”.

IGREJA DOS GRILOS – MUSEU DE ARTE SACRA E ARQUEOLOGIA
4 Fevereiro, 2019 / , , ,

Igreja de S. Lourenço ou Igreja dos Grilos, uma visita a não perder e com uma vista panorâmica sobre o rio Douro, a Invicta e a margem de Gaia

Um passeio a pé pelo centro da cidade com destino à Sé do Porto é um roteiro habitual dos turistas que visitam a invicta. Descobrir a baixa da cidade é uma aventura. À medida que caminhamos pelas ruas estreitas da cidade antiga vamos descobrindo os seus segredos e as suas curiosidades.

Convidamos hoje o turista a aventurar-se pelo Bairro da Sé adentro. A Sé, imponente, é o ponto de partida para a nossa aventura. Logo a poucos metros, num beco que parece não ter saída, surge a Igreja de S. Lourenço, mais conhecida por Igreja dos Grilos que, em conjunto com o Colégio homónimo, está classificada como Monumento Nacional.

Começou a ser edificada pelos jesuítas no século XVI e só foi terminada no século XVIII. Se a maioria das Igrejas ostenta uma riqueza e opulência muitas vezes exagerada, a Igreja dos Grilos surpreende pelas suas linhas simples que deixam as paredes desnudas e sem adornos.

Na Igreja destacam-se o lindíssimo altar de Nossa Senhora da Purificação, o fantástico órgão com 1500 tubos que, segundo os registos foi construído em finais do séc. XVIII e o presépio, uma construção única, datado do século XVIII e cuja autoria é atribuída a Machado de Castro. Na altura do Natal, a par da tradição de tantas outras igrejas da cidade, é possível apreciar este raríssimo presépio composto por largas dezenas de figuras e que é colocado logo à entrada do monumento.

A Igreja dos Grilos, apesar de correctamente se designar por Igreja de S. Lourenço, foi inicialmente a Igreja e o Colégio dos Jesuítas. Com a extinção e expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, no século XVIII, a Igreja é doada à Universidade de Coimbra e mais tarde comprada pelos Frades Descalços de Santo Agostinho, que por terem a sua residência principal em Lisboa, na Calçada dos Grilos, eram vulgarmente chamados por Padres Grilos. E é assim, que se começa a chamar a esta Igreja, a Igreja dos Grilos, e apesar de estes já aí não residirem.

O Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Porto – com acesso por uma porta contígua à esquerda da Igreja – expõe uma coleção de peças interessantes desde a estatuária de santos, à ourivesaria religiosa e outras peças litúrgicas. É também aqui no Museu que, da magnífica varanda, se pode ter uma vista ímpar sobre o Porto e Gaia e sobre o rio Douro. Uma vista deslumbrante que não poderá perder!