Foram 13 meses que marcaram para sempre a cidade. O Cerco do Porto durou entre julho de julho de 1832 a agosto do ano seguinte, mas a sua memória permanece na toponímia e na alma da cidade.
A cidade ficaria para sempre marcada pelos meses em que esteve cercada: para além dos danos materiais e das perdas de vidas humanas, este período da História deu ao Porto o título de “antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto”, atribuído por D. Pedro como forma de agradecimento pela lealdade e valentia com que os portuenses defenderam a causa liberal. O rei viria mesmo a oferecer o seu coração à cidade como forma de agradecimento.
Nomes como “Bairro do Cerco do Porto”, “Rua do Heroísmo” (em memória a uma sangrenta batalha que aí decorreu) ou “Rua da Firmeza”, que perpetua “o denodo e resignação com que os portuenses valorosamente resistiram” ao cerco, evocam essa época e uma guerra entre dois irmãos com convicções opostas.
O Porto nunca aceitou a subida do absolutista D. Miguel ao poder (1828) e quando D. Pedro assume o comando do movimento Liberal, encontra nas gentes da cidade um poderoso aliado. A 8 de Julho de 1832, D. Pedro, vindo dos Açores, desembarca em Pampelido (Mindelo) para tomar a cidade do Porto, chegando à atual Praça da Liberdade ao meio-dia. As tropas de D. Miguel tinham sido deslocadas para Lisboa, pelo que os liberais não tiveram dificuldade em entrar na cidade. No dia seguinte, o exército absolutista, vindo de sul, instala-se na Serra do Pilar, no outro lado do rio, para bombardear a cidade e expulsar os liberais. Começa assim o cerco: os apoiantes de D. Pedro permanecem no Porto, cercados. Os alimentos e bens essenciais começam a escassear e, com o agravar da situação, a cólera e o tifo tornam-se também adversários de quem luta pela causa liberal.
Em junho de 1833, os liberais alteram a estratégia e resolvem atacar a partir do Algarve. As tropas miguelistas, convencidas de que o adversário estava enfraquecido, resolvem lançar um grande ataque ao Porto, mas são derrotadas. A 26 de julho Lisboa estava lá ocupada pelos Liberais, mas o Porto permanecia cercado. A 18 de agosto, sob o comando do Marechal Saldanha, o exército liberal consegue uma vitória decisiva que levará a que, dois dias depois, os apoiantes de D. Miguel batam em retirada. Estava terminado o Cerco do Porto.
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